segunda-feira, 11 de abril de 2016

Paragem para banhos

13 de agosto


O tempo voava e já estávamos em meados de agosto. Lamento dizer mas o calor (apesar de ser alentejana) não me deixava saborear o carpe diem. Era suposto uma visita alargada a Augsburg e quando lá chegámos, perante a onda de bafo quente e os largos quilómetros a separar a ASA do centro da cidade ( 30Km ou talvez mais de 20, as informações circundantes não eram uníssonas), desmotivámos e arrepiámos caminho. Conclusão: de A. só recordo o calor, uma ASA repleta de autocaravanas e lá em baixo um rio com banhistas, a confirmar o que se sentia na pele. Adeus Augsburg, certamente me arrependerei de tal tomada de decisão, sobretudo quando estiver mais fresco ou quando outono.
Face a tal, prosseguimos na direção do cenário pré alpino.



 Em boa hora (sem consultarmos as previsões atmosféricas, atitude banal mas que nem sempre fazemos nas férias) chegámos e aproveitámos a “época balnear” porque em breve começaria a estúpida e irritante chuva, ou “tudo ou nada”. Nestas férias não haveria meio termo?
Já em território alpino revisitámos a Abadia de Wies, pérola exemplar do rococó alemão, classificada Património Mundial pela UNESCO, ali instalada no meio do campo verde e idílico, ou seja, no seio dos Alpes um refúgio para  peregrinos, branco e rosa… Isto sim é romantismo!


Lá dentro, frescura e luminosidade.



Dali decidimos que a água tinha de nos batizar já que o calor não nos largava há eternidades… Seguimos as setas até ao lago Bannwalsee, (bendita palavra “see”!  )e parámos numa Wohnmobilpark  (Camping Bannwaldsee) , misto ASA e camping, à beira das águas lacustres. Soberbo final de tarde dentro de águas tépidas, rodeados de verde e de montanhas, adivinhando ao longe, no longínquo inverno, as neves brancas e altivas…


No território do camping



A poucos quilómetros situa-se Füssen, ponto final desta rota romântica que, tal como eu calculava, pouco explorámos (lamento desiludir-vos!) e perto, muito perto da aldeia de Schwangau. O caminho até ambas pode ser feito de bicicleta ao longo de uma ciclovia apropriada , por entre um  idílico cenário rodeado por dois lagos, o Bannwaldsee e o Forggensee. 


Este é o Forggensee.

Houve um cá de casa que percorreu o trilho correndo, os outros continuaram de molho.
No dia seguinte decidimos continuar a desfrutar das águas lacustres, tentando tirar do corpo o calor dos últimos dias, mas lá está, uma má aura meteo não nos largava e a meio da tarde já se adivinhava mudança de cores no céu. Ainda me despedi já com nuvens carregadas e  antipáticas no céu alpino que em breve trecho se transformariam em tempestade.

A estadia não foi económica: 19 € dia (duas pessoas + 2,50 luz) mas com direito a duche nos WC do camping e a bisbilhotar as festas noturnas frente ao lago. Muitas bebedeiras de adolescentes, especialmente inglesas, música de DJ e na última noite a queda de trovões azuis a riscar o céu da nossa janela panorâmica. Eu bem dizia: a tempestade chegou!

Bungalow do Camping


sexta-feira, 8 de abril de 2016

Algarve: (quase) do barlavento ao sotavento

Quando bisamos os lugares, sai-se de casa com a ideia que já está tudo visto.  Serão certamente umas férias para pausar, descansar e imitar os inúmeros estrangeiros autocaravanistas que fazem de Portugal o seu porto de abrigo durante todo o inverno por essas áreas e campings algarvios afora… Também é verdade que quando começámos a viajar de casa às costas, desde 2002, achávamos incrível como havia gente que conseguia estar parada tanto tempo ao sol. O certo é que, ou pela falta de sol desde janeiro, ou pelo avançado da idade (estou em crer que mais pela primeira hipótese, alternativa escolhida  que roça a ironia…) , nestas férias soube-me bem imitar os estrangeiros autocaravanistas…
Ainda assim, entre sestas, banhos de sol em cadeira, leitura de livros, umas vezes na posição horizontal outras sentada,  ainda houve tempo para que o Algarve me surpreendesse com algumas pérolas desconhecidas.


Não me refiro a Silves, onde, apesar de tudo é sempre um prazer percorrer as suas ruelas até ao castelo. 



Mesmo assim, o paladar estreou-se com uma bela tarde de limão e merengue no acolhedor e simpático Café Inglês.










Em Lagos, tirando uns momentos de sol na Meia Praia, pouco mais nos entusiasmou, apesar de a cidade ter sempre um jeito elegante e feminino.
Em Portimão nada a registar … minto, reencontrar autocaravanas do ano passado no mesmo local “ancoradas”, já com jardim e tudo, foi uma sensação de repetição que nos deixou atónitos. Sim, porque o contrário, eu em França ou na Alemanha todos os anos , de Setembro a Abril, não seria muito plausível… Ah, esquecia-me! Aqui é o reino do sol, lá não e para além disso ainda não sou jubilada (expressão espanhola para “reformada”, muito mais feliz que a tradução portuguesa).






Entre Portimão e Armação de Pêra algumas descobertas. Parar na praia do Carvoeiro, uma pequena aldeia piscatória situada na acolhedora e colorida enseada e subir até a capela. 



Daí percorrer o passadiço à beira da falésia e ir entrando nos meandros das grutas fantásticas. Cenário de ficção científica ou deserto lunar?






No final do percurso o café “A Boneca” com o mesmo nome da gruta. Local acolhedor e familiar uma vez que ali até trabalha um amigo comum…


Pernoita na já conhecida praia da Marinha, cada vez menos esconderijo de AC . Até admira como as autoridades ainda de lá não os expulsaram…
Da Marinha usar e abusar do percurso pedestre pelos algares até Benagil. Desta vez a noite iria surpreender-nos, por isso não chegámos à simples Benagil.
Outro roteiro possível : da Marinha até Nª Srª da Rocha, apesar de termos feito batota e termos ido com a casa às costas. 




Estacionámos aqui, local onde por sinal uma vez dormimos com a “velhinha Sky”.


Finalmente,  um misto de aventura e descanso: “Motorhome Park” na Falésia (a 9 km de Albufeira). Cercados de alemães , franceses, ingleses e até dinamarqueses e noruegueses ( portugueses éramos só duas famílias!!!) fizemos como eles  o dolce fare niente . Mas não só, intervalámos com novas descobertas pedestres.


Descida para a praia da Falésia 

 Pela praia até ao Alfamar ou do lado oposto até Olhos de Água. Pela falésia, lá bem no topo, quase chocando com as pássaros humanos, admirámos a flora colorida e primaveril e a extensão do areal a perder de vista… de um lado até Quarteira, do outro lado até Albufeira , Portimão, Lagos ???




No regresso só uma paragem em Castro Marim (outra vez dezenas de autocaravanistas) para irmos admirar outro cenário de outras cores e tons: os tons secos da planície bordada de águas fluviais e ecos muçulmanos. Mértola, terra de mil encantos, de branco caiada, o sol e o cheiro da primavera, as ruas quase desertas ao entardecer , o chamamento dos tempo imemoriais… Foi pena outra voz , a da realidade, nos chamar à terra. Infelizmente era hora de regressar!







Pernoitas :
. Silves (parque de estacionamento grátis ao lado das Oficinas da Câmara Municipal, perto das Piscinas)
. Lagos (ASA, 2,50 pernoita – N 37º 06’ 57’’ W 08º 40’44’’. O abastecimento de águas falhou sempre! É necessário comprar ficha para sistema “Euro-relais”, a qual se compra na receção do estádio de futebol a uma hora específica, mas nunca conseguimos .Ou não estava ninguém ou o próprio Estádio fechava. Resultado: as pessoas enchem recipientes no WC público , o qual está sempre cheio de água e com pouca higiene).
Portimão - ASA da Marina , 2,50€, N 37º 07’ 08’’  W 08º 31’ 49’’  - Bom!
Praia da Marinha –Estacionamento grátis , sensivelmente N 37º 05’ 24’’ W 08º 24’ 46’’. Tranquilo!
Falésia – ASA Motorhome Park, 8,50 €, N 37º05’ 25’’  W 08º 09’’ 37’’ – 5 estrelas !!!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Cidade tamanho XL e cidade do “gótico”

12 de agosto



De Rothenburg à cidade tamanho XL são menos de 100 quilómetros… Peço desculpa , a cidade chama-se   Dinkelsbühl     e a impressão XL só veio depois da impressão “gótica”.
Assim que lá “aterrámos”, um mar de gente, de negro vestida, deambulava pela cidade. 


O calor era outra vez sufocante , daí que tudo parecesse pairar na névoa do quente. Mas não era ilusão, em D. a maioria vestia de negro apesar do calor e a impressão não errava: de facto, decorria na cidade um festival de heavy metal de tal modo que, muita gente gótica, sobretudo na faixa dos “enta”, invadia as ruas em hora de pausa.


Para além dos “góticos” a catedral também o era. 



Chama-se catedral de S. Jorge e trata-se de um exemplar magnífico do estilo aqui tantas vezes mencionado, frente à famosa e fotogénica Deutsches Haus, a antiga casa de mercadores de estonteante beleza graças à sua fachada renascentista.


Depois é que veio a impressão XL. À volta desta vila medieval tudo é grande: a comprida rua principal e sobretudo as fachadas de 3, 4 e mais andares , com amplas portas e amplas janelas. Fica a impressão de que, ou as famílias eram numerosas, ou não deviam nada à pequenez .





Possivelmente a habitação dos pombos...

Como tantas outras cidades desta rota, esta também revela uma planta circular, cercada de muralhas medievais e quatro torres ainda intactas, com uma rua central, a qual divide o “ovo” ao meio.


Depois de um gelado e de sermos servidos numa simpática esplanada com empregados brasileiros, rumámos até ao ponto seguinte: Nordlingen. 




Chegámos tarde (ou seria que na Baviera alemã tudo fecha cedo?): a Rasthaus, o posto de turismo e o ícone da idade, a grande igreja de S. Jorge , com a sua torre sineira “Daniel” , de 90 metros de altura e 350 degraus já estavam fechados. A “Daniel” é o grande ícone da cidade uma vez que do topo da torre os visitantes podem admirar a famosa cratera do Ries, isto é, dali ver-se-ia, supostamente, se tivéssemos subido as centenas de degraus, a extensão verde da planície, onde um meteorito caiu há 15 milhões de anos. No impacto da queda, a pedra terá atingido uma profundidade de 1000 metros e originado uma cratera de 12 Km de diâmetro !!!





A ASA ficava num sítio aparentemente agradável , cercada de verde como tudo neste canto alemão, mas na prática, a meio da tarde, o local era carregado de poluição sonora com a sua vizinha pista de Karting e ainda a linha de caminho de ferro e os incessantes comboios. Já era tarde, ficámos. Afinal a noite foi tranquila. Ao início da noite, mesmo a uns bons largos metros da torre Daniel, ouvíamos o chamamento do guarda noturno, de hora a hora, gritando “So, G’ sell, so! “ – “está tudo bem!”


Em Dinkelsbühl também usámos a área de serviço, gratuita e com serviços, enquanto visitámos a cidade ( N 49º 03’ 51’’  W 10º 19’ 38’’).

Estava tudo bem !