domingo, 11 de setembro de 2016

Astúrias, “paraíso natural” : as praias



Tapia de Casariego - a primeira de todas, porque assim ocorre geograficamente logo a seguir à fronteira com a Galiza e porque se impõe pela sua beleza natural.


( No relvado verde do meio, a casa onde não me importava nada de morar...)

 Na realidade o conjunto principal é constituído por várias praias, com destaque para a “Praia Grande” e a del Murallón , ambas ao descer de uma rua do parque misto onde se situa a ASA  (N 43º 34´0´´   W 6º 56´47´´ - em zona residencial tranquila, com água e despejos, paga, premiada em 2013) . O que deslumbra mesmo é a alcatifa verde dos penhascos que descem até tocarem na areia da praia. 





(Praia "Grande" com maré cheia)





(Praia del Murallón)


Para quem não aprecia praia, uns metros mais à frente, percorrendo sempre o passeio pedonal costeiro (excelente e relaxante passeio ao entardecer), escavada nas rochas, estende-se uma piscina de água salgada. Era uma antiga instalação de marisco, transformada em piscina natural.



 O caminho passa ainda pelo relógio solar, pelo antigo luzeiro e pelos “Canhões” – baluartes defensivos a apontar para o mar, construídos para defesa de ataques ingleses e dos corsários argelinos, terminando alegremente no porto, com uma panorâmica de toda a costa circundante, especialmente do Farol de Tapia assente numa pequena ilhota. 




( qualquer tapete relvado é bom para torrar)



(1º farol)


farol e porto de pesca


Em baixo o alegre porto, e sublinho o adjetivo porque, se lá forem ao fim da tarde, repentinamente o som do mar é interrompido pelo tagarelar inconfundível dos espanhóis a conviver, bebendo canhas e tirando os seus petiscos de marisco (só depois das oito, já se sabe que antes é a siesta e depois o mergulho).

Tivemos a sorte de acertar em cheio com o Festival Intercéltico que recebia vários grupos musicais e um mercado tradicional, a sua 20ª edição. Deliciámo-nos com as gaitas de foles e danças tradicionais locais e com um grupo da vizinha Bretanha, altamente cativante. 






À noite, na praia del Murallón, sob um céu estrelado e com a tela do mar por detrás, atuava um grupo de jovens irlandeses pródigos em sapatear. Se a sensação paisagística em redor muitas vezes nos ilude sugerindo-nos que estamos na Irlanda, desta vez, com a música de fundo e a dança tradicional, dir-se-ia termos de facto atravessado mares até à costa irlandesa. Curiosamente dois dos músicos eram portugueses… em todo o lado estamos e em todo o lado brilhamos.





Praia de Arnelles e de Foxos - seguindo a linha da costa (nem sempre fácil para autocaravanas e eu gosto pouco de arriscar) descobrimos duas praias curiosas. Uma de acesso um bocado apertado e com um pequeno parque de estacionamento (vi à noite que lá pernoitaram 3 ou 4, aliás podem vê-las a pousar para o retrato aqui). 







A foto foi tirada do lado oposto, no monte bem altaneiro de Ortiguera onde existe uma ASA , com apenas dois lugares e apenas um ponto de água e despejos, ao lado, porém, como no alto da falésia existe (provavelmente por pouco tempo) um pequeno terreno , várias AC contemplavam a paisagem e muitas lá dormiram, incluindo nós. 



(Uns somos nós, os outros ficavam bem na foto)






A ASA do outro lado, lá em cima



Desse lado, descendo uma alta escadaria desce-se até à praia de Arnelles. Acordar com o cenário envolto em neblina é uma sensação única, só possível para quem tem o privilégio de viver numa casa rolante e gostar de não se confinar a parques de campismo… 



O município de Ortiguera é, em boa hora, responsável pela concretização destas miragens, pode ser que se mantenha e não caia no esquecimento qual rio Lethes.


Desenhando um parêntesis, e porque o nosso circuito não incluía apenas e obrigatoriamente praias, no concelho de Ortiguera, fomos ainda conhecer um pouco de história, visitando o Castro de Coaña. Trata-se de um conjunto arqueológico, assente numa colina, que mostra uma acrópole rodeada por uma muralha, que aqui terá existido entre os séculos V-IV a.C. Contam-se neste conjunto cerca de oitenta habitações de forma circular, é claro que hoje reduzidas a um conjunto de pedras que nos levam a imaginar o que o Tempo foi apagando.




(A acrópole e a vista atual da mesma )


Rodilles - a terceira praia fazia já parte de anteriores capítulos, havia-nos sido “apresentada” por um autocaravanista e, se naquele agosto mal a aproveitámos por na prática parecer inverno, desta vez era o oposto,  isto é, era mesmo verão, o que significava MUITA gente. Foi difícil estacionar no amplo parque de Rodilles, mas lá conseguimos a façanha. Aproveitámos então as águas do Cantábrico que, como já sabíamos de cor, não é gelada e dolorosa como se possa à partida supor. Nas redondezas pouco mais existe a não ser o pinhal e a praia. O pinhal termina na entrada da ria de   Villaviciosa, num parque de campismo e algumas habitações. Nem sítio existe para no dia seguinte comprar pão, só se o mesmo for encomendado no camping. À noite, o parque de estacionamento esvazia-se de carros e fica uma aldeia de autocaravanistas e vans, uns pontos luminosos aqui e ali, porque o espaço é muito e não precisam de se aglomerar em vivendas geminadas. Coisa rara até então, lá vimos uns “tugas” e curiosamente numa AC adaptada, pasme-se, num autocarro Salvador Caetano! Achei que não devia perturbar, mas fiquei com pena de não me ter armado em curiosa porque a obra era inspiradora.

Continuando até Arenal de Moris (essa igualmente revisitada – e triplamente -  com um parque de campismo que por acaso até utilizámos em tempos idos… simpático, com piscina, verde, como tu por ali), tentámos ainda Espasa, local onde se praticava em tempos não tão idos como isso tudo, um inofensivo campismo “selvagem” de AC e van, mas que agora se encontrava impedido a tais práticas. Um sinal anunciava a proibição de pernoitar, apenas estacionámos e uma autocaravanista advertiu-nos que a multa era dose para uns 350 euros! Portanto, a praia de Espasa ficou riscada da nossa lista, ficámo-nos por um passeio ao longo da mesma e no dia seguinte admirámo-la do lado oposto. 



Espasa vista de longe, do lado oposto

Como? Chegados a Arenal de Moris (acho o nome tão sonante, a relembrar Senhor dos  Anéis…), ficámos , pela segunda vez, “acampados” numa relva apetitosa com vista para o mar (N 43. 474411  W 5. 179431, logo a seguir ao parque de campismo). 





Lá ao fundo uma das "casinhas" é a nossa


Da primeira vez estivemos quase sozinhos e desta vez o espaço tinha um letreiro “aparcamiento particular, 6 €” , estando lá já algumas AC. Entrámos e ficámos até ao dia seguinte sem que ninguém surgisse para nos cobrar o devido pagamento (!?!). De manhã, com algumas nuvens no céu e sem que o tempo estivesse apelativo para banhos, decidimos seguir as setas de um caminho de Santiago, e, por entre montes e vales, sempre acompanhando a falésia e o mar, lá estava em baixo, a pique, a praia Espasa. Aí foi possível descortinar, num terreno alcatifado e liso, uma boa quantidade de vans que lá tinham acordado de manhã. 



                                                            Vans em sítio secreto de Espasa

O caminho, esse, era uma pequena ruela só de acesso a essas felizes viaturas que cabem em qualquer  cantinho. Depois da Beni ainda acabarei , na minha reforma, com uma Van tipo pão de forma amarela, a percorrer cantinhos e continentes! Parêntesis à parte, onde ia eu? No excelente caminho de Santiago, nada semelhante às estradas de alcatrão poluídas e feias de Portugal para peregrinos de Fátima, onde,  para não nos armarmos com comparações, alguém decidiu atirar lá de cima uma borrasca imensa de água que nos fez chegar a casa encharcados de cima abaixo, para podermos saber na pele que, o peregrino encharcado é igual, seja em Fátima seja em Santiago!



                                                              vacas pelos caminhos até Espasa



peregrinos a sério


Até à Cantábria ainda pisámos e admirámos de longe outras praias, mas o destaque centra-se nestas, pois destacá-las aqui seria batota uma vez que nelas não demos corpo ao “verbo” “fazer praia”.

Para possível inspiração e fonte de prazer de quem quiser repisar este itinerário, aqui ficam alguns nomes e imagens: Ribadesella ( sem imagens apesar da sua fama, fica a dica da praia de Santa Marina, com um belíssimo passeio marítimo bordejado de famosas e elegantes vivendas e casas indianas (creio que o Príncipe das Astúrias, atual rei de Espanha, por lá reside numa delas, não sei qual…); de Lhanes ( da qual falarei depois por outros motivos), como recanto veraneante mais acolhedor destaco a  Playa de Toró, com o inconveniente de já ter uma barra de altura no estacionamento maior, e de não ser fácil arranjar um lugar ao longo do passeio em época alta…); praia da Balota ( mais uma com possibilidade de estacionar e pernoitar paradisiacamente numa Van – o caminho é estreito, sempre a descer e  em terra batida; o miradouro de Andrin é uma possibilidade para “casas” maiores e depois o remédio será descer a pé até esta pequena maravilha:




Fecho  o capítulo “playas” , desejando que aproveitem e que sugiram outros pequenos paraísos cantábricos onde casas rolantes de quase 7 metros consigam chegar sem problemas.

2 comentários:

Dylan disse...

Adorei! Percorrer toda a costa norte de Espanha, desde a Galiza até ao País Basco, é um dos meus sonhos.
Sabe-me dizer se a piscina natural em Tapia é a pagar?

Paula Vidigal disse...

Anda tudo à procura do Dylan para receber o Nobel e eis que me aparece aqui a desejar conhecer Astúrias e Tapia ( estou a brincar :)). Fez-me lembrar que ando longe do blogue e que nunca mais escrevi sobre a maravilhosa Astúrias e agradeço imenso o seu comentário.

Não aproveitei a piscina de Tapia e só a fotografei de cima , mas não me pareceu que se pagasse, n posso garantir a 100 % mas quase de certeza q n se paga.

Experimente em julho /agosto e verá :)