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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Impressões de portas




Toca ao longe uma gaita de foles, pode ser Irlanda, pode ser Astúrias, pode ser um qualquer reino da fantasia, da realidade , do passado ou do presente.
O som vem de dentro de uma porta, daquelas que parecem ter olhos em, no entanto, não são janelas, são portas.
Quase o mesmo, dirão. Não, a porta abre-se  e deixa entrar as vidas, encerra-se e, lá dentro, há outras vidas que não se vêem cá de fora. As janelas nem sempre se abrem.
Esta tem ar de olhos, é certo, mas quem lá vive ou viveu, abri-la-á?

(Vila Real de Sto. António, Portugal)

A gaita de foles calou-se num sopro de carnaval.

É a vez de um piano suave, azul marinho, com gente feliz lá dentro.


 (Hondarribia, País Basco)

E gente de tempos tão idos que sonhamos com a tela do cinema, rei Artur, Excalibur, cavaleiros e anéis de poderes mágicos…
A gaita de foles enche o ar novamente...

(Burgos, Espanha)

O passado, o presente. Pode ser ontem, pode ser hoje.
A porta abriu-se…

(Burgos)


 e logo se fechou.

sábado, 2 de junho de 2012

INSIDE




Sempre tive o fascínio das JANELAS. São elas os olhos das casas e é por detrás delas que está a alma. Esta, como qualquer alma, não se vê, adivinha-se, imagina-se...Aqui há dias, porém, aconteceu-me o contrário.
Na rua, nem reparei nas janelas (que me lembre era apenas uma porta alta, forte, escura). Quando dei por mim estava dentro da alma, dentro da casa, da “casa dos espíritos”. Cada um deles tinha uma história, cada canto, cada peça, cada partícula de pó, átomo ou célula tinha uma alma.

Realidade ou ficção, os fantasmas por lá andavam, desde o século XVIII até hoje, para onde haviam de ir se aquela é a sua casa? 


Uma “casa com vida própria”, como nos disse o seu atual proprietário. E assim que ele proferiu a frase, o tule transparente dos fantasmas começou nova dança do ventre e o relógio do tempo girou à volta de três séculos de estórias.



Foram os pés dos homens pisando a uva, os tonéis a encherem-se de tinto espumoso a par das vozes dos cantadores até à alvorada.

 Foi o homem do capote que chegou e bebeu mais um copo, aquecendo as mãos no bafo do frio que das paredes e pipas escorria…

Lá fora, na despensa, as mulheres na azáfama. Os cestos prontos para a ronda, o cantil à espera da fonte, o piquenique à espera do cante, os pardais na sua gritaria no limoeiro.



Lá em cima, na cozinha, os bolos crescem nas formas, e o dono da casa, outrora com cinco anos, espera para rapar o fundo do tacho, na mesma cadeira outrora do pai, do avô, bisavô outrora.



 Na sala do fundo passa-se a ferro, uma voz canta, podia ser soprano, podia ser o piano, o vento dispersa o som, as vozes, os pardais. Os fantasmas adormecem, os santos velam pelos vivos e pelos mortos.

   Algures no Alentejo. Uma casa de vidraças viradas para dentro, uma casa de terraço virada para fora.




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Portas (de A a Z)


As portas, afinal o que são?
Pontos de passagem, barreiras?
Pontos de passagem entre o cá e o lá, barreiras fechadas possíveis de abrir do cá para o lá.
Prefiro pensar que são pontos, ou melhor, pontes de passagem. Do outro lado, mistérios se abrem, folheiam-se páginas de livros, de álbuns, de memórias…
São as páginas das vidas dos outros, às vezes alheias, às vezes tão como as nossas…
Ao longo destes anos, olhando através da lente, sempre tive a ideia de ter captado muitas portas. Ilusão. Poucas portas afinal registei, por mais que tenha tentado sempre preferi as janelas… vá-se lá saber por que inconsciente impulso…


Bate-se ou tilinta-se à porta e... quem sabe?

(Andreus , Portugal)




Alguém sorria, porque acabou de passear na "Feira da Ladra".



Brighton, Inglaterra


Ou venha alguém zangado, pouco hospitaleiro...



Chinon, França



Ou não, porque as flores simpaticamente dão sorte a quem dela precisa...



Dinan, França




O passado também espreita, algum sultão ou princesa apaixonados, perdidos...


Granada, Espanha


Um cheiro antigo a maresia... a esposa aguardando o marinheiro.

Marken, Holanda



Nas portas há sempre um número, ou um número e meio...


Porto Covo, Portugal


Ou matronas esquecidas preparando toiletes de procissão...



Ronda, Espanha



Nalgum 53...


Strasbourg, França


Ou encondido em caves de mistérios...

Veere, Holanda



Com ar maroto de criança a brincar nas ondas do circo.


Veere, na Zeeland, Holanda