sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Primeiro, as lagoas





De tudo sobressai o verde. E as hortênsias azuladas.








E a força brutal da Natureza que permitiu a criação de terra em cima das águas, em cima de um dragão em chamas para sempre ou não adormecido.
Começo pelas lagoas, desta que é conhecida por “Ilha Verde”, isto é, S. Miguel, “in” Açores.

Debaixo dorme o dragão e à superfície são espelhos de água de diferentes tonalidades. Novamente o verde, novamente o azul. Umas, trilhos abaixo; outras vistas por trilhos acima. Elegantes, vaidosas, exuberantes.


Começo pela das “Furnas”, não por ser a mais bela ou a menos atraente, simplesmente porque foi a primeira a surgir-nos à frente, depois de termos concluído que a das Sete Cidades estaria banhada em nevoeiro. Felizmente que os tempos modernos criaram aplicações como o “Spotazores”, que nos permite aceder, através de uma inteligente webcam, ao tempo real dos vários lugares mais turísticos dos Açores, nomeadamente das lagoas.




A das Furnas é circundada por árvores de um verde luxuriante. Não se pode tomar banho, mas é navegável em barquinhos de plástico. Todo o seu perímetro pode ser percorrido a pé, passando-se ao lado da Capela de Nossa Senhora das Vitórias, mais misteriosa e sedutora vista de longe do que de perto. Ao longo do Centro de Interpretação, seres de madeira espreitam…





O plano mais alto para a pose fotográfica da lagoa é do alto do Pico do Ferro, donde também se tem uma visão grandiosa das fumarolas (delas falarei mais tarde) e da povoação.


A mais extensa de todas, a das Sete Cidades, é dividida por um pequeno muro que curiosamente as separa num dueto de cores, a “Verde” e a “Azul”.


O ponto inesquecível para a observar não é de modo algum o Miradouro da Vista do Rei. Embora também o seja...


Lagoa das Sete Cidades, da Vista do Rei


lagoa de Santiago e Sete Cidades

Apesar da escassa sinalética, conseguimos encontrar o Miradouro da Boca do Inferno, nome de atribuição duvidosa, dado que o cenário toca o domínio dos Céus.
Há que entrar num espaço de zona protegida com um portão que assinala apenas “Lagoa do Canário”. Percorre-se primeiro o trilho do lado esquerdo da estrada e, sem de tal suspeitarmos, no interior de uma densa floresta, deparamo-nos estupefactos com diferentes tons de verde. Os das águas e os das árvores. É a Lagoa do Canário.






Retornando à estrada que fica para dentro do portão, pode ir-se de carro até ao fundo, até se chegar perto do Miradouro que é tudo menos infernal.


Após uma breve subida a pé, dir-se-ia que chegámos ao Céu, abrindo-se à nossa frente o sublime conjunto de várias lagoas e cores, a Verde e a Azul, a de Santiago, a Rasa… A respiração para, assim como o tempo. Para-se e fica-se calado, vergado perante a Natureza.




Depois disto parecia que mais lagoas seriam mera estatística, mas a visão da Lagoa do Congro também arrepia os sentidos. Especialmente porque, para lá chegar, se vai descendo um trilho por entre folhas e troncos rasteiros, escolhendo o chão que se pisa, para, sem estarmos à espera, depois de sempre a descer, ela nos aparecer pintada de verde, mesclada com a vegetação. Um enorme buraco verde e um enorme silêncio espaçado por leves trinados…









Precisamente por estar num buraco e não no topo de um cone, as suas águas ressentem-se de alguma poluição, sobretudo dos fertilizantes dos campos que para ali escorrem com a água das chuvas.


Ao contrário desta, no topo do cone vulcânico está a Lagoa do Fogo, a segunda maior da ilha. 


Nesta pode tomar-se banho e, para a admirar, nada como subir até ao Miradouro da Serra da Barrosa.





São mais de uma vintena, por isso oito dias não chegam. Até porque a ilha de S. Miguel não se resume a águas escondidas no meio do verde, ainda há os trilhos escondidos para lá chegar, as águas do mar, as águas quentes e borbulhantes, o verde dos campos, as eternas flores, as vacas que sorriem, a simpatia dos ilhéus, os petiscos ao pôr do sol, o clima temperado e ameno, a chuva… quem diz ainda que bastam os cinco dedos de uma mão para a conhecer? Só quem não a conhece…

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