quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Parte II Mais um castelo, antes de saborearmos o sol (espanhol) que havia faltado quase todas as férias







Barcelona tem outras cores, outras formas, outro ambiente, outra vida. Até certos sinais de trânsito são diferentes, reflexo de outro modo de viver, de outra forma de estar.
Em 2004 demos lá um salto, durante umas férias das Páscoa. É claro que daqui até lá, podíamos ter chegado num fôlego de um só dia de viagem, mas naquela vez o objectivo era ir respirando devagar noutras paragens.
Trujillo, já referida de outras viagens, foi a primeira paragem para um almoço tipicamene espanhol (revuelto com esparregos), que se tornou até hoje, num prato eleito desta família, basta haver esparregos, basta haver viagens e apetite. Toledo foi a paragem nocturna para, com vem sendo mania das férias da Páscoa, assistir a uma procissão andaluza. Na altura ainda era possível (agora não sei, mas ouvi rumores em contrário) pernoitar num parque de estacionamento, frente à Estação de Autocarros , naquela noite pleno de AC.
Tínhamos também em mente uma ida a Tarragona, cidade que desconhecíamos, e que se revelou paragem obrigatória. Tarragona é um recuo no tempo até à civilização romana e foi basicamente por aí que nos ficámos: Fórum Romano, Circo, Anfiteatro.





Em volta espreitam imensas praias, nas quais naquela altura do ano não é difícil estacionar e até pernoitar, como a playa Arrabassada. Aí almoçámos nós e apanhámos algum sol, quais lagartos, para acabarmos pernoitando noutra localidade já na direcção de Barcelona: Vilanova i la Geltéu. Na praia de Farol é proibido mas tolerado (expressão estúpida, mas que no panorama geral de discriminação, até é adequada), e foi onde ficámos na companhia de outras, estrangeiras.
Barcelona tem um senão: estar-se seguro e conseguir um local de pernoita. Há sempre a hipótese de ficar num Camping, todos eles com acesso a praias “privativas”, mas quando o objectivo é viver a cidade, não é nada prático, porque ficam longe e são caros.
Muitas AC vão ficando ao longo da linha da praia, no Paseo, mas os lugares são escassos e a avenida barulhenta. Em 2004 tivemos ainda assim muita sorte, porque o parque de estacionamento de Gracias (vigiado e pago) ainda existia. Caro (20€ por dia), mas com segurança. Anos mais tarde, estava em obras e ficámos num outro parque, agora não faço ideia. (ver "Parte II- Mais um castelo"...). Será que já há outras soluções, ou nem estas existem?
Perto de Gracias existe uma paragem de metro, pelo que tudo fica central e de fácil acesso.




Assim que se chega, é-se logo banhado de animação na zona da Sé e, a partir daí, apetece andar a pé e comer tudo com a visão: Bairro Gótico, Ramblas, Cólon, Aquarium, praça da Catalunha. Para cima e para baixo e as horas de um dia não chegam para abarcar tanta diversidade, luz e cor; assim como os pés não aguentam tanto chão, apesar de ali ser quase tudo plano.




(Las Ramblas)



-->Barcelona é também a sua original arquitectura e, claro, Gaudí, sempre a chamar-nos. Como uma visita completa exige bolsas recheadas, o melhor é repetir Barcelona e repartir Gaudí em fatias. Desta vez, calhou-nos a fatia Casa Bartó e a sempre em construção Sagrada Família.





(Casa Bartó)


(Sagrada Família)





Calcorrear Barcelona é também parar para apreciar as suas tapas, em grandes restaurantes onde as ditas cujas nos acenam de umas montrinhas enfeitadas à maneira. O Qu-Qu é um deles ou o Tapa-Tapa, no Passeio de Gracia. Pã torrado barrado com tomate é de comer e chorar por mais.
Outra hipótese mais castiça é dar um salto até à Barceloneta e tirar um petisco num dos bares/ tabernas típicos.
Depois há ainda os Museus: o do Botão, para onde espreito sempre e onde namoro sempre os botões na loja de souvenirs, na mesma rua o “de” Picasso (a sua visita ficaria para outra ocasião, apesar da forte tentação), o de Chocolate, imagine-se!



O sol é outro em Barcelona, em pleno mês de Março/Abril respirava-se Verão. Nada para retemperar energias como um passeio pedonal desde a praia Torres Marfre até H. Ars e Cólon.








Há certas ruas onde apetece ficar eternamente, voltar à direita, ir ao sabor das fachadas, dos ruídos, da sombra, do sol. Na zona à volta do Museu Picasso vamo-nos esquecendo do tempo… Acorda-se depois para “una copa” no bar na Calle Princesa, onde, mesmo lá, se ficamos outra vez, pasmados, a olhar em redor, até para as pessoas que também elas parecem diferentes.





Como acontece muitas vezes em outras cidades, em Barcelona apetece andar sem rumo, sem horários, sem obrigações, invejando quem lá mora e fingindo conhecer todos os recantos, como se lá morássemos há muito. Mas como não somos, e nem um terço da cidade ficamos a conhecer, há sempre mais para a próxima.
Naquela Páscoa foi assim, havia ainda que contar com o caminho de regresso a casa e não queríamos acelerar. Havia ainda mais praias para descobrir e gozar a vida em AC, nas calmas. Deltebre, por exemplo, é uma imensidão de dunas fascinantes ou, num estilo diferente, St. Charles de la Rápita. Aí, já preparados para pernoitar, à hora do jantar, fomos interrompidos pela polícia que nos veio, literalmente, bater à porta. Vinha avisar que não podíamos ali estar. “Onde está a proibição? Somos um veículo estacionado, não estamos a acampar.” Lá fomos argumentando, mas de nada serviu, a força de lei era mais forte com a ameaça de uma multa se ali continuássemos. Um francês ao lado resolveu a confusão, fazendo-nos sinal para o seguirmos e assim, em excursão, lá fomos. Seguiram-nos ainda uns holandeses, e lá fomos, em fila indiana até um recanto ao lado de uma zona residencial, ao lado de uma pequena praia.
Até Toledo, passámos ainda por outras praias como Carret de Berengeure e já mais para o interior, por Sagunt, uma vila romana à espera de muita restauração.




(Sagunt)




Toledo, outra vez, para que o ciclo ficasse perfeito. E para acabar com chave de ouro: Museu El Greco.


1 comentário:

Anónimo disse...

Quero ver essas memórias de barcelona, que ficaram para segundas núpcias, einda que sejam memórias anteriores.
Venham elas.