O 25 de Abril não é excepção. Permanece a vontade de celebrar, de recantar a “Grândola Vila Morena”, de gritar “Fascismo nunca mais” – é este o sol de Abril. Mas alguns têm a memória curta e até parece que já nem querem recordar o que representa o cravo ou até parece que, noutros casos, lá nos vão querendo calar a boca… é esta a ameaça de chuva no 25 de Abril.
O 25 de Abril era pretexto para falar de viagens, mas viajar soa a coisa banal quando a data é (foi) também uma questão de vida ou de morte. A morte da Censura, o nascimento da Liberdade. Sem mortes, só cravos. Sem sangue, só vermelho.
E porque foi 25 de Abril em 74, é que é possível viajar no 25 de Abril de agora, mais ainda numa casa itinerante, não censurada, sem regras, ao sabor da liberdade.
Não censurada, dizia eu? Quantas vezes o destino eleito foi Porto Côvo? Inúmeros 25 de Abril. E relembrá-los este 2009, faz-me recordar outros textos neste blogue sobre a simpática aldeia alentejana, à beira da falésia. Faz-me lembrar que foi a decepção vivida no último Verão que me fez iniciar este blogue, desiludida com o que lá vi, a pressentir uma nova censura: a discriminação nacional aos autocaravanistas.
Desde Agosto que não voltei lá. Por esse e outros motivos, mas sobretudo por esse. No 25 de Abril, este ano a um sábado (até o calendário fez censura!!), não foi possível viajar. Noutros primeiros de Maios, a mesma aldeia também foi o paraíso eleito. Não sei se no próximo o será. Receio vir a aprofundar a desilusão de Agosto. Apesar de alguns rumores mais optimistas sobre reuniões dos responsáveis da zona, não me parece que a Câmara de Sines venha em nossa defesa, porque os seus valores são mais altos, uma altura que é sempre a mesma história de sempre, a dos interesses imediatos e mais lucrativos possíveis…
Mesmo assim recordo aqueles inúmeros momentos de liberdade. Ao lado da “Grândola”, pois então!
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