sábado, 27 de novembro de 2010

Cheers Baviera!!!



Cheers, Baviera!
Aquela imagem ficou parada e registada na minha mente fotográfica desde 2004. Um fundo totalmente verde, na vertical e na horizontal, no elemento terra e no elemento água, cortada por vermelhas cúpulas ogivais e redondas. A capa dizia: “Volta do Mundo – Bela Baviera”. Folheando as páginas, entrava-se num reino de fadas, onde a protagonista era a bela natureza.
Foi este o nosso segundo dia à laia da peugada atrás de Paulo Gama e Luís Filipe Catarino, os viajantes da Volta ao Mundo, depois da descoberta do comboiozito.
Este segundo dia foi finalmente o grande dia, o dia da descoberta da imagem da capa, o tal reino verde, pintalgado de cúpulas vermelhas. Depois de uma noite tranquila ao lado do cemitério, voltámos novamente a território alemão, com a mira em Berchtesgaden, segundo os viajantes da Volta ao Mundo, um reino de festa, cerveja e alegria nas ruas. Como a zona de AC estava em obras, decidimos voltar mais tarde e seguimos os sinais que puxavam para o lago Kognissee, apenas a 4 Km. A estrada termina sem saída, ou se volta para trás ou se estaciona num longo parque de estacionamento com parkómetro à hora, com ruas e ruelas de carros , AC e autocarros.
Apesar de tanto desejar “tocar” na foto que me perseguia, não percebi que era ela que já ali estava, a escassos metros. Primeiro atravessa-se uma pequena povoação com típicas construções alpinas: telhados e rendas de madeira nas varandas, flores alegres, montes verdejantes à volta.



Com
o não me parecia que fosse já ali, também me surpreendeu encontrar o “ninho de águia” sobre o qual havia apenas lido.


O “Ninho de Águia” (The Eagle’s Nest) foi a residência construída propositadamente para o Fuhrer Adolf Hitler, que mal se gozou dela, devido ao seu medo de alturas, imagine-se!). Ele ali estava, discretamente indicado num daqueles binóculos verdes que comem moedas de 1 ou 2 € se para lá espreitarmos. De facto , a construção mal se via, lá no alto do cume do monte Kehlstein. Acessos só por estrada às curvas (e de bus) e depois, ou se escala a montanha ou se penetra o interior da montanha através de um elevador. Como não sou fã da criatura, bastaram-me as visões cá de baixo e foi o suficiente para que Hitler se começasse a instalar, a partir dali, nos nossos temas de conversa.
Depois das casas de madeira (todas elas alternando entre hotel-restaurante-loja de souvenirs) lá estava Ele a consumir-me as forças, a engolir-me , a gritar-me “PÁRA!”.
Era o lago Kognissee, verde, verde, verde, três vezes verde!!! Uma visão sublime que nem as fotos conseguiram registar. A estragá-lo uma fila gigante contorcida em três. Os guichets anunciavam o tal passeio pelo lago, até às cúpulas – igreja de S. Bartolomeu – numa volta de 2 horas, ida e volta, num barco de recreio. O tal em que o marinheiro toca uma corneta dourada que ecoa pelas paredes concâvas e verdes do lago. Mais infernal era ainda o colossal preço: 32,50€ por família! Num puro acto de sovinice do qual me arrependi até hoje, recusei-me a pagar as três notas e optei pelo percurso pedonal, 20 minutos a pé, engolidos pelo verde e pelos trilhos, até chegar a um miradouro donde se avista, lá bem lonnnnnnnnnnnnnge, a vermelhidão das cúpulas e a brancura das paredes da igreja.











Quem se lembraria de construir no seio do nada que é tudo, só acessível por barco ou pelos ares dos falcões e águias (claro que por montanha também seria uma boa opção para sovinas...)? Só mesmo frades de há muito tempo atrás ( 1134) em homenagem ao referido santo, padroeiro dos agricultores alpinos e ainda hoje motivo de peregrinação anual no primeiro sábado, depois de 24 de Agosto.
Fala-se também do eco naquele vale côncavo e fala-se para o ouvir. Muitas eram as vozes e sons que andavam gritados pelo ar...





Por causa do estacionamento limitado pelo tempo, acabámos com as belas vistas e recuámos até Berchtesgaden. Teria sido também a qui que Hitler optaria por veranear (ou invernar), já que a subida ao “ninho” não era o seu forte.
Berchtesgaden é uma cidade pacata e extremamente simpática. Infelizmente, não vimos animação nem a banda a tocar. Mas as paredes, com as pinturas em trompe d’ oeil eram uma verdadeiro festim para a lente fotográfica.
















A praça principal também , com as suas fachadas a evocarem a história dos jovens da terra na 1ª e 2ª Guerras Mundiais. Mais uma vez Hitler não nos largava...










Para além do passado retratado nas paredes, é também visível a preservação dos costumes que vêm do passado até à actualidade.







O dia ia longo em emoções . A luz, na Alemanha, em pleno mês de Agosto, parece , porém, que se apaga cedo. O céu, apesar de serem apenas 17.00, já parecia o nosso outonal das 19.00, o que nos levou a procurar hotel....




minto, LAPAC (local aprazível para AC).
Intuitivamente, voltámos na direcção de Schonau- a-Kognissee e achámos mais uma pérola de radiante beleza verdejante. Haverá ali algo que seja feio?
Apetecia um mergulho na piscina local, mas o dia parecia terminar para os alemães. Ao lado da Rasthaus uns vizinhos petiscavam e estacionámos a seu lado. Um belo sítio, sem dúvida (N 47º 36’ 20,6’’ E 12º 59’ 8,7’’ ), para ficar, dormir e sonhar.


E nada como terminar o final da tarde estreando um dos ex-libris da Baviera alemã: uma fresca e saborosa cerveja numa agradável Bieregarten.
Cheers, Konigssee! Cheers, Baviera!

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