Para quem atravessa Espanha e pretende chegar para lá dos
Pirinéus, ou para quem regressa a este
cantinho ibérico, Vitória/Gasteiz fica no caminho (norte de Espanha, claro!) e
não merece que seja desvio, antes paragem obrigatória.
O seu nome original era Gasteiz quando ainda se tratava de
uma pequena aldeia. Foi fundada no topo de uma colina, no séc. XII. Tinha
apenas três ruas que cruzavam a colina a norte e a sul, hoje na colina essa é a
parte “vieja”. Na realidade, a Vitoria
de hoje tem mais de 200 e tal mil habitantes, muitas ruas e avenidas, uma rede
de metro à superfície fantástica e é denominada “Capital Verde Europeia” . Ou melhor
, o título foi-lhe atribuído o ano passado, e quando lá estivemos , em pleno
Agosto, tal nomeação era bem notória. Certamente que em 2013 o verde e o título
continuam, porque o que a rodeia não é para menos : a cidade está rodeada por
um anel verde que forma um conjunto de 4 parques, já para não mencionar todos
os outros parques e parquinhos no seio da cidade. Até o metro circula num
carril forrado de relva!
A zona para AC também existe, 10 lugares (teoricamente) e
grátis (N 42º 51' 57'' W 2º 41´7 ). Fica a mais de 2 quilómetros
do centro mas nada que ou umas biclas ou o metro não resolvam – a cidade é
plana, as ruas amplas e sempre ladeadas de verde. Para além do ar verde e puro,
Vitoria respira qualidade de vida.
Iniciemos o nosso passeio pela catedral Nova, já do séc. XX,
estilo neogótico. Depois, a Plaza da Virgen Blanca, dominada pela Igreja de S.
Miguel. Ao longo das varandas dos prédios da praça dominam as marquises brancas
, de vidro, e ao centro o monumento de homenagem à batalha de Vitória de
Espanha face ao exército de Napoleão, em
1813.
Plaza da Virgen Blanca
Esta praça comunica por um arco com a Plaza de Espanha, cheia
de “arquillos”, onde se encontra a
oficina de turismo e o Ayuntamiento.
Plaza de España
Indo pela igreja de S. Miguel entra-se no casco viejo: ao
longo das ruas até à catedral antiga muitos palacetes.. .
A catedral continua em obras. Vivendo desde sempre a
iminência de poder cair, as obras continuam desesperadamente para que o seu
testemunho seja salvo. Entrámos munidos de capacetes, observando as diferenças
, o que ainda exibe rachas e fendas e as novas paredes, limpas e luzidias.
Ao longo das ruas antigas sobressai ainda a toponímia medieval
caraterística: rua Herreria, Pintoreria, Zapateria…. As casas medievais, os
brasões e os lindos murais…
A uns passos dali , a modernidade: um centro comercial ao ar
livre com as lojas da praxe, esplanadas e a vivacidade das gentes…
Outra forma de ver Vitoria é escolher um dos muitos
percursos verdes no interior da cidade. Escolhemos o caminho pela Senda, desde
o Parque da Florida até ao início do bosque de Armentia. Ao longo do largo e
extenso passeio, fomos admirando vários
palacetes (um deles o Museu de Belas Artes e outro a sede do governo basco). No
Parque del Prado aproveitámos para uma siesta (“em Roma , sê romano”). Para
falar a verdade, os vitorianos pouco dormiam , aproveitavam antes o calor
mergulhando nas suas piscinas públicas, já que o mar ainda fica a uns
quilómetros.
Museu das Belas Artes
Na peugada de mais água fomos ainda até ao complexo de
piscinas em Gamarra e visitámos um dos pontos estratégicos e obrigatórios
da cidade: o parque de Salburua onde se localiza o famoso centro de interpretação
suspenso na natureza. Calcorreámos calmamente mais de 4 quilómetros, à volta da
“balsa de Arcaute”, descobrindo veados e aves escondidas no seu reino verde e
isolado.
( quem é, quem é?)
Finalmente, para a prática balnear, juntámo-nos aos vitorianos e fomos até à “sua
praia”: uma barragem e parque natural na zona limítrofe de cidade. Um parque extremamente
limpo e organizado, com duches, barbecue, lavatórios, múltiplas áreas de
estacionamento e de picnic, e , claro, as águas tépidas da barragem. 5 estrelas!
Não fora os mosquitos e teríamos lá pernoitado. Assim, usámos e abusámos da área
grátis em Vitória durante 4 noites. Sim , porque todos estes percursos à
espreita de água , verde e monumentos não são coisa para um dia.
Vá e deixe-se estar, Vitória é para ficar.
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