quinta-feira, 17 de abril de 2014

A porta fechou-se






A porta tem estado praticamente fechada, daí não me encontrarem por mais que batam, não que tenha saído, eu estou cá, mas não se esqueçam que me costumavam encontrar na rua, a vadiar sobre rodas...

“… a noite anterior fora véspera de Todos-os-Santos, uma época perigosa durante a qual os espíritos maléficos vagueavam à solta” (Ken Follett) . 
Encontrei esta frase num romance que ocorre em plena Idade Média, e pareceu-me adequada às minhas mais recentes vivências, desde o dia 1 novembro de 2012.
Desde aí muitos espíritos maléficos têm andado por aqui à solta…

Com a porta tantas vezes fechada à estrada sobre rodas, limito-me hoje, a presentear-vos com algumas palavras e imagens de quem viaja cá dentro (da santa terrinha, é claro). 







As portas e as janelas são desta cidade alentejana, branca e ocre, que, anos volvidos à espera de novas demãos, se vê finalmente a recomeçar brilhando, alvo de nova pintura e limpeza por parte da nova equipa camarária. Muito ainda falta fazer, como se pode notar, as paredes são muitas, a vontade também, as mãos vamos lá ver se chegam , já para não falar da tinta , porque o homem da “cal branca” que dantes se ouvia apregoar não sei se volta mais…


Passeando intramuros, não seria um passeio fidedigno à terra se não se reparasse na toponímia em feitio de gema ocre estatelada em fundo branco cal alentejano. Umas vezes a relembrar pessoas, outras o  quotidiano, e sempre a História.







A história nas ruas com e sem Catedral ao fundo, a História nas pedras que vieram dos romanos, a pedra histórica de um templo que é romano e que todos chamam de Diana e é de todos nós e não dela, a história das janelas de tempos idos e de quem lá mora ainda.














A história mais ou menos recente de quem sabe misturar ervas e cheiros e pão e fazer História de paladares , como este que dizem ser especial,



 embora para os nativos outras tabernas mais humildes em preço se destaquem, como esta, não propriamente uma taberna , mas ainda assim bem típica, onde se come o melhor arroz de tamboril alguma vez inventado.

É verdade, mesmo sem mar, em plena planície, onde a azeitona o pão e o vinho constituem prato, entrada e a base de uma boa mesa.

Para doces ainda resiste aos ventos e marés a pastelaria Violeta, a sua antiguidade comprova-se no circunflexo a teimar proteger o “e” do sol.



O som das andorinhas não se ouve aqui, mas pelas ruas de telhas cozidas é o que não falta, a Primavera chegou, o verde chama-nos ao descanso, as esplanadas começam a apetecer antes que chegue a época do braseiro (mais conhecida por Calor de Verão com mais de 40º)…. Só para quem cá vive, aqui, em Évora, sempre, faça sol faça frio, há pouco ou muito tempo.






 

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