7 de agosto
Em pleno agosto e em plena zona
montanhosa, a Croácia pode ser fria. Era fria! As nuvens sempre presentes
ameaçavam o céu e a terra. Ao longo das estradas montanhosas em direção à
costa, a Croácia apresentava-se humilde. Um país a reconstruir-se e a
reinventar-se , com paredes e paredes por rebocar, alguns tanques e “zonas de guerra”
fechadas a cadeado…
Finalmente, depois de um imenso túnel
na autoestrada, o azul do Adriático, com ele o sol e mais 10 graus
reconfortantes. E começa aqui o périplo ao longo das praias de águas divinais,
do azul cristalino e das vilas de granito brancas, tecidas de vestígios
romanos, de ecos de Constantinopla e de tantas outras culturas e riquezas, de semelhanças
com as ilhas gregas, com o paraíso idílico das luas de mel.
A primeira
cidade de todas na linha da costa, Zadar, Zara no seu nome italiano. Uma
pequena pérola branca, assente numa ilha repleta de vestígios romanos com a zona
do Fórum, S. Donato, um jardim de colunatas e, no belo passeio marítimo, o omnipresente
manto azul. Para cativar turistas, o curioso “orgão do mar” , uma construção que
aproveita o bater das ondas, sibilando e ecoando o som do azul como uma melodia
.
S. Donato, ao fundo
Fórum romano
Catedral Santa Anastácia
Mais à frente, o brilhante painel
assente no chão “Greeting to the sun”. Atracadas no cais grandes cidades
flutuantes agradecendo o sol. E… para gáudio dos viajantes mais novos, atraídos
à Croácia pela fama de país rei do polo aquático, o primeiro campo de jogos a
céu aberto e em pleno mar.
Rumo a mais sol e mais azul havia
que parar para estrear as águas num mergulho longo e apaziguador. Fizemo-lo mesmo
ali, à beira da estrada, assim que tivemos oportunidade de estacionar. Depois
da placa da povoação Sukosan, uma praia debaixo dos pinheiros e , claro, de
muitas pedras e pedrinhas. Nem tivermos tempo de comprar aas ditas sandálias de
plástico, e como portugueses corajosos, mesmo de havainas a fugir dos pés,
lançámo-nos às águas .
A partir dali começámos então a
familiarizarmo-nos com o conceito de autocamp
croata. Ao longo da costa muitos campings
(pernoitar fora deles é punível por lei, apesar de desconhecermos –
felizmente – o valor da multa), os oficiais e os “familiares”. Porta sim, porta
não um autocamp familiar espreita, basta sair do carro e ver se há lugar, o
problema é que muitos se situam em pequenos
terrenos com estradinhas sinuosas, pouco aconselháveis para autocaravanas. Como
estreia, facilmente chegámos à pequena localidade de Grebastica onde a família
Toni (concluímos depois que o Toni é o equivalente ao Zé, ao Jaquim ou ao Silva
português) nos recebeu no seu quintal , com zona para banho, para lavar roupa e
loiça , eletricidade e net ( mas nada de zona para despejos). Era literalmente
no quintal do senhor que ainda construía a sua casa. Viviam no rés do chão
ainda com paredes por rebocar e o primeiro andar tinha apenas os alicerces,
assim uma espécie de Algarve nos seus primórdios de turismo .
A localidade era um pequeno paraíso
onde muitos turistas (maioritariamente eslovenos em tenda) passavam férias.
Digam lá que não é um paraíso? Mesmo em frente da casa do Toni…
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