domingo, 4 de outubro de 2015

Coisas de autocaravanistas


Passei só para dizer que no fim de semana de 19 e 20  do mês de setembro, o parque de estacionamento para caravanas de Monsaraz estava com lotação completa. Mais ou menos assim … 




e assim…



( digo "mais ou menos assim" porque estas fotografias foram tiradas de manhã,  à noite havia muitas mais AC).


Quando digo “parque de caravanas” faço-o porque a sinalética apresenta um sinal de Parque com o respetivo “Pê” a azul e por cima a imagem de uma caravana azul. Outros há a vermelho sobretudo com autocaravanas. Menos mal, neste caso. Curiosamente não havia uma única caravana , apenas autocaravanas. Não estou a insinuar nada, interpretem como quiserem e deixem-se de comentários.
Curiosamente também, já à hora de dormir, os estacionados, entre portugueses ( apenas um em cada uma das noites) , franceses, alemães, holandeses e ingleses (se calhar mais um espanhol e outro italiano) ocupavam o dito parque , de tal modo que já havia outros no parque mais abaixo ao lado da estátua erguida ao nosso Cante alentejano, um espaço normalmente destinado para autocarros e largada de passageiros.


(O parque no "piso inferior")


Muitos dos que estavam no “Parque” – os estrangeiros, refira-se – tinham cá fora o seu mobiliário de exterior, vulgo mesas e cadeiras, alguns tinham ainda assador e cama de cão. A noite era silenciosa, o silêncio que só o Alentejo sabe ter, escura como breu .  Atrás das autocaravanas, as pedras da fortaleza , à frente o adivinhado Alqueva. Dormiu-se divinalmente…


No outro dia de manhã, tomaram o pequeno-almoço contemplando as águas do grande lago e houve até quem lavasse a louça num alguidar em cima do muro, com os olhos postos outra vez no lago, desta vez em formato real. No fim, despejou-se o resto da parca água do alguidar na sequiosa árvore ali do lado.


Estas palavras são uma mera descrição de factos observáveis, não há aqui ponta de ironia ou juízo de valor. O silêncio não foi incomodado, o património material não sofreu ( e o imaterial também não) , a árvore sujeita a quase seca extrema pôde enfim beber água… No entanto, agora sim vem a farpa aguçada, o que me irritou mesmo foi que a lotação estava esgotada, não tanto pelo número bem razoável de casas às costas, mas sobretudo porque não havia um único que tivesse estacionado ocupando apenas um lugar. Todos acharam a sua zona de conforto, estacionaram na sua privacidade de encontro ao muro, cada um que veio depois imitou os restantes, e ninguém se lembrou que noutra posição dariam espaço aos restantes que tiveram de ficar lá em baixo.

Não esperariam talvez que no Alentejo a afluência fosse tanta
 ( aqui já é ironia). Pois! Quando cheguei tardiamente, em ambas as noites, enfiei -me entre duas AC que prevaricavam e esperei que no outro dia de manhã me pedissem para sair. 

(Adivinhem qual é a minha!)



Vá lá, não foi preciso, conseguiram-no. Mas não gostei, levei a mal, eles vinham de longe , é certo, queriam a sua privacidade, mas eu vinha de perto e apetecia-me dormir para acordar a ver o mesmo que eles.



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