Os nossos vizinhos do lado, igualmente autocaravanistas, vão-se estrear além, além-fronteiras até terras de gauleses, franceses, nativos daquela língua que todos nós (nascidos no século passado) aprendíamos como 2ª língua e que agora, coitada, se vê preterida até por a de nuestros hermanos.
Ver o mapa gigante estendido na mesa destes estreantes de casinha às costas, partilhar roteiros e aventuras, aguçou-me o apetite de relembrar e eternizar uma viagem que já ficou lá tão para trás…
Com dois putos criados a ouvir as histórias de sempre adaptadas depois pela Disney, o parque temático francês do mesmo nome era algo que fazia parte dos seus sonhos. Ainda para mais quando os pais, quais criancinhas, o haviam conhecido antes deles e papagueavam, encantados, as delícias que por lá tinham provado.
Não havia pois outra alternativa: quando o mais novo ia comemorar os quatro anos, nada como presenteá-lo com uma viagem inesquecível. Durante dez dias, durante umas férias da Páscoa, ainda também estreantes (foi uma das nossas 1ªs grande viagens além-fronteiras), lá abraçámos França deslizando na nova vivenda.
Lembro-me que o primeiro dia foi uma directa até França para pernoitar em Hendaye, num parque de estacionamento repleto de Ac onde, anos mais tarde, já não era possível a mesma hospedagem.
Havia que devorar muitos quilómetros porque Paris é lá bem em cima, mas muitas horas de viagem não são um aperitivo doce, daí que antes disso parámos perto de Poitiers, num parque baptizado de Saint-Cyr, onde nos instalámos num camping simpático, junto a um lago com “praia” e desportos aquáticos, porque na época éramos tão, tão maçaricos que nem tínhamos percebido que França é o paraíso das zonas para AC! Daí ficou registado na memória gustativa um magnífico crepe au chocolat, num envolvente verde campestre.
Ao terceiro dia chegávamos a Paris preparadinhos para nos instalarmos no camping Bois de Bologne, mas não contávamos com a forte afluência que nos levou a mudar de planos e ter de procurar outro camping, do lado oposto de Paris, numa localidade chamada Tremblay. O camping era ladeado pelo rio Marne e estava infestado de AC italianas. Aproveitámos para um percurso de bicicleta ao longo do rio, deitando olhadelas para os barcos-casinhas ancorados ao longo do passeio.
De Tremblay até Paris ainda são uns gordos, mas fáceis 45 minutos. Fomos no dia seguinte, de comboio, numa visita relâmpago. É claro que Paris não merece que a contemplem apenas num só dia, mas outros dias virão e outras visitas já lhe haviam sido mais dedicadas.
Desta vez ficámo-nos por alguns pontos centrais só para que os mais jovens ficassem com umas luzes da cidade que se veste de Luz: arredores do Centre Georges Pompidou para que penetrassem no ambiente de animação, cor e ecletismo de gentes; Notre Dame da igreja até aos sinos porque o Corcunda era um mito real para o mais novo; Torre Eiffel para que o ex-libris se materializasse. Pelo meio, Quartier Latin para cheirar odores de várias cozinhas, o Seine sempre a luzir e uma chuva miudinha sempre a acompanhar-nos.
Lembro-me sempre que foi em Paris que vi pela primeira vez homens-estátua
E fontes que brincam
E uma livraria com o nome de do Grande Inglês
Seria esta a gárgula que tanto ajudou o Corcunda?
A visita foi breve, daquela vez não havia tempo para mais. Nada de Louvre, nem Orsay ou museu Picasso; nada de Montmartre e Place du Tertre, Moulin Rouge; nada de Champs Elysées; nada de galerias comerciais; apenas uma pincelada de luz ainda assim impressionista.
Finalmente era chegado o grande dia dedicado à infância de todos nós.
Eurodisney, claro!
A lenda do Rei Artur com novos protagonistas.
Espectáculo ao vivo: Pocahontas
Desfile pelas ruas
"-Quero um autógrafo!"
A noite, essa, foi passada tranquilamente no parque próprio para AC da própria Eurodisney.
E como a loucura aniversariante era contagiosa, depois da estrada até Marne la Valée, voltámos em sentido contrário e apanhámos outro monumento à infância e adolescência: parque Astérix, um mundo igualmente delirante de magia e encantamento, sobretudo para o mais novo, claro, para o qual, conhecer o Astérix e Obélix em carne e osso foi um prazer a dobrar.
O enquadramento também é artístico
E também há animações ao vivo
Carros que voam
A aldeia gaulesa
Romanos perdidos
Astérix não é, contudo, muito amigo das AC e depois de um dia esgotante de tropelias e correrias em veículos de 4 rodas, voadores e deslizantes, começámos o percurso de retorno, parando no Loire, em Chateâudun. Às 21,30 o simpático e hospitaleiro guarda-nocturno do camping, abriu-nos a porta e recebeu-nos mastigando. No dia seguinte, um camping caseiro e verdejante sorria-nos, assim como les baguettes debaixo do braço e um paqueno chatêau mesmo ao lado do muro da quintarola.
Era o dia do aniversário e foi passado aos saltos entre verde, pássaros tenores, burros, rios e castelos… com uma espada e capecete iguais aos do Astérix!!!
Chatêaudun é uma vila antiga e o seu Castelo (para nós palácio) é dos mais antigos do Loire. Um pouco de História para finalizar não era uma má prenda.
Para assinalar o dia eternamente nada com um “pic-nic sur l´herbe”sendo o protagonista da toalha um bolo com velas. Os meios eram os que estavam ali à mão de semear, ou seja, um bolo de Páscoa (com sabor a plástico!!!) de chocolate e ovos, do Intermarché mais próximo.
Estrada e costa abaixo, acabámos por entrar quase no mar, curvando pela zona da Baía de Arcachon até pararmos em Pyla sur Mer. Soubemos também na pele que em França as bombas de gasolina fecham ao Domingo e que, sem cartão francês para colocar gasóleo no sistema 24 horas, o melhor é parar e esperar… por segunda-feira.
Pyla são dunas gigantes, pára-pentes, mar azul e bons quilómetros para pedalar bicicletas
Dali a Portugal só para doidos varridos que não têm outro remédio, porque os dias de férias terminaram.
1 comentário:
Viva,
Só para lhe dizer que tem no post a
data de há 3 meses atrás.
:)))
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