sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Carnaval fértil de frio



É preciso percorrer muitos Kms de curvas, de frio, de neve, para enfim, para lá dos montes, penetrar num Carnaval genuíno, longe dos sambas, mais antigo que o tempo. Essa genuidade, depois do Douro, depois dos montes, bem no meio das pedras altas e agrestes, é a simplicidade das danças coloridas e alegres, das chocalhadas da fertilidade em roda das raparigas solteiras. Refiro-me, claro, aos caretos de Podence, toscos, simples, e por isso mesmo riquíssimos e únicos… não tão únicos, porque ao que parece, a vizinha Espanha “transmontana” conhece tradições semelhantes.
Este 2010 chegámos na segunda, no seio de um gélido vento e de um tímido sol que mesmo assim fazia rebrilhar a gincana de burros gordos de pêlo, com a Albufeira de Azibo a servir de quadro de fundo.








O Sr. Presidente da Junta, amavelmente, havia cedido o seu magnífico “quintal” para a pernoita e estacionamento dos autocaravanistas. Gesto simpático no qual muitos deviam pôr os olhos…



Às 19.30, uma feijoada quente recebia os forasteiros e amigos das máscaras vermelhas (e de outras)…
Às 21.30, os casamentos celebravam-se no adro da Igreja matriz, debaixo de um frio que volta e meia se trasnformava em flocos de neve, qual Natal tardio.
Depois dos sinos badalarem as 22.00, depois de lidas as brejeiras declarações às raparigas casadoiras, o apagão instalou-se. As ruas foram percorridas por máscaras toscas, coloridas, naifes e iluminadas por fracas tochas, relembrandos tempos de candeias e de velas breves.



Já na Casa do Careto e seu largo, os bonifrates da Mandrágora representaram o seu Auto da Criação do Mundo, apelando ao pecado do Homem como meio de celebrar a vida. A vida que são três dias e este já era o final do 2º… Por isso havia que terminá-lo em baile, ao som da gaita de foles e com os pés gelados a gritarem por brasas. Não sem antes se queimar o entrudo...






O que vale é que no meio dos flocos de neve havia uma AC de 15º aquecida, qual hotel de 5 estrelas. Debaixo das estrelas e da neve, sob a hospitalidade do Sr. Presidemte da Junta , do silêncio e dos montes, a noite foi divinal, os sonhos medievais.

3 comentários:

Dylan disse...

Mas apesar do frio, valeu a pena, não? E de autocaravana deve ser uma experiência ainda mais interessante...

Teresa Diniz disse...

Gosto dos caretos (também falei deles no meu blogue) e gostei imenso da reportagem.
Bjs

Viagens Lacoste disse...

Boas fotos!