sábado, 29 de janeiro de 2011

Dias 19, 20 e 21 - A cereja no topo do bolo



Via Áustria novamente (era a terceira vez que rolávamos sobre solo austríaco).... A cereja no topo do bolo... Refiro-me à cidade de Füssen, a mais alta da Baviera, cosida aos Alpes e, principalmente, a um dos grandes ícones turísticos alemães, mesmo ali ao lado, o Castelo de Neuschwanstein, o “Castelo do Cavaleiro Cisne”, o tal que serviu de inspiração ao Castelo da Cinderela da Walt Disney.. Em Portugal, um seu contemporâneo:o da Pena,em Sintra, exemplar romântico por excelência!
Conselhos: não levar a casinha directamente até ao Castelo. Se assim o fizer, pagará 7€ de estacionamento, num espaço confuso e sempre a subir, para depois ficar horas na fila e ter de esperar, obrigatoriamente, até à hora da visita. Afinal, a expressão “pontualidade britânica” aplica-se mais aos alemães...No bilhete comprado surge a hora exacta (e minutos!) da visita e só se entra, pontual e exactamente, a essa hora!
Ficando em Füssen, gozará em pleno outros cenários e mordomias. Ali chegado, há várias áreas para AC (pagas) e assinaladas, com duche, água, luz, relva, bar, net grátis e até máquina de lavar-roupa e secar (na zona dos supermercados, nomeadamente Lidl)!

Passear até Füssen, arredores ou aos castelos, é um passeio extraordinariamente estimulante se o meio for a bicicleta, mas há ainda a possibilidade de ir, desde a vila ao castelo, de autocarro, ou até a pé. Os caminhos que ladeiam a estrada são próprios para peões e bicicletas e a paisagem é agradável e simpática. De bicicleta, desde a zona das áreas para AC até o Castelo, são apenas 5 quilómetros.
A cidade , pisando e repisando os modelos de tantas outras daquela zona, é mais uma organizada, limpa, arejada, com as cores suaves e pintadas da Baviera e um centro animado de esplanadas e lojas tradicionais. Marca no entanto a diferença com a sua Abadia for a do comum e imponente.


Füssen







Até a luz é aromática!



E os gelados sorriem...






Abadia




Depois de chegar ao espaço dos castelos - Schloss Hohenschwangau e Schloss Neuschwastwein - pode adquirir bilhete para os dois ou apenas um deles. Nós optámos pelo Neuschwastwein. Dali até ao topo do monte, onde o Castelo se ergue altaneiro e vistoso, é possível ir de charrette ou autocarro. Os atletas, como nós (!), optam pelo percurso a pé de 30 minutos, sempre a subir...



Castelo Hohenschwangau


Castelo Neuschwanstein



O Schloss, projecto megalónamo de Ludwig II (Luís II) da Baviera, é um prototipo do período romântico e wagneriano. O rei, fã de Wagner, lançou mão de um sonho esquizofrénico que o transportou até à Idade Média e inclusive à cultura bizantina. Tal ecletismo e utopia ergueu o mais insólito e teatral castelo possível. Ao que parece, o rei gozou-o pouco (diz-se que só lá viveu 70 dias), assim como aos seus milhões, porque faleceu precocemente aos 40. Ainda esteve enclausurado no seu quarto durante algum tempo, antes de desaparecer misteriosamente afogado nas águas de uma lago alemão, qual Narciso...
A visita ao interior do Schloss (com audio-guide em português) dura 30 minutos e infelizmente não se podem tirar fotos, a sala do Trono, por exemplo é uma das coisas mais fantásticas (e de ficção cinematográfica ou teatral ) que já vi.



A única foto do interior possível...


Deixo aqui o site oficial , sempre dá para uma espreitadela ao reino secreto de Ludwig II:
Há depois ainda a possibilidade de sonhar e fantasiar pela floresta envolvente , piquenicar e ir seguindo os trilhos e as setas. O lago, com a possibilidade de uma passeio de barco, é inspirador.




Para entrar no barco, tem de molhar os pés...


O trilho mais envolvente e misterioso é o que leva até à ponte de Marienbrücke, restaurada no reinado de Ludwig II. Hoje em dia todos a querem percorrer (sobretudo japoneses) e treme-se bem sobre as suas tábuas de madeira balouçantes , que deixam entrever, por baixo dos nossos pés, o abismo colossal e a cascata, lá bem ao fundo. É também o local ideal para o postal ilustrado familiar ou a dois, com o castelo como cenário. “May you take me a picture?” com um sorriso de olhos rasgados e muito pequenos, é outro assalto possível...




Ponte Marienbrucke ao longe


O que os pés vêem...


A foto da praxe mas sem pessoas


Mas, para variar e porque estamos na Alemanha, a chuva pode estragar tudo. Ou quase tudo. Não há nada que umas simples e baratas capas para a chuva não resolvam e depois a nuvem passa e tudo volta a sorrir.
No regresso , há ainda o lago Forggensee, as vivendas classe média, os hoteizinhos de luxo, a vida pacata e de qualidade , o apito do barco, os reformados prazenteiros e alheios a crises. Apetece ficar e voltar.








E sempre pequenas surpresas relaxantes e no seio da natureza, como um pequeno campo relvado de mini-golfe.
Continuo a pensar que os alemães sabem de facto viver naturalmente e com qualidade, respeitando o que é deles e as tradições. Tudo ali tresanda a puro, caramba!


2 comentários:

Anónimo disse...

A sua descrição da viagem pela região de Fussen não podia ser melhor.Á medida que ia lendo sentia-me lá.Já tive uma autocaravana que infelizmente por falta de saúde tive de vender e fui a essa região em 1995-1996-1997 e 1998.Foi verdadeira paixão e aconselho todos os amigos que façam essa viagem.Gosto imenso de ler as suas descrições.Continue!

Paula Vidigal disse...

Obrigada , anónimo, pelas suas palavras. Andava sem escrever há um bom par de semanas e as suas palavras deram-me um empurrão, ... já lá está nova crónica.

Que pena já não ter a autocaravana, é um mundo imperdível , mas quando puder volte a Fussen...