Tínhamos pela frente um longo
percurso. Ou não, dependendo da interpretação do termo “longo”.
Na realidade uns cento e tal quilómetros de
costa, mas que, consoante a inspiração e os encantos, tanto poderiam levar
muito ou pouco tempo a percorrer.
A ideia era conhecer os
principais recantos turísticos seguindo conselhos de mapas, guias e livros, mas
também deixarmo-nos surpreender por qualquer mágico e inesperado chamamento.
Deixando Bilbao e iniciando o
percurso pela praia mais próxima, Plentzia, não se pode dizer que tivemos sucesso.
Plentzia estava , a 1 de agosto, em
festa, (vimos os foguetes de longe ainda em Bilbao)mas no dia seguinte, sem que
o soubéssemos, (quando se está de férias tende-se até a esquecer o dia da
semana…), era feriado no país basco.
Talvez por isso e aliada ao facto
de estar sol, as filas eram intermináveis e os locais de estacionamento
inexistentes. Saltámos, pois, Plentzia, Armintza, Gorliz, e, irritados com a
confusão, decidimos respirar em Bermeo (pelo caminho deixámos também para trás
a exígua Elantxobe, lançando-lhe apenas uma espreitadela do alto do morro).
Em Bermeo, num pequeno e
sossegado jardim, ao lado do cemitério (N 43º 25'23 W-02º 43' 32 ) uma zona ASA com o essencial.
Estava calor, faltava a praia.
Apesar do porto piscatório e da sua ancestral tradição da caça à baleia, a
praia não se vislumbrava. Uma simpática sexagenária lá nos revelou o mistério,
não sem antes se perder numa longa conversa sobre o seu país - o basco, sobre o
outro (Espanha), sobre a crise, a Merkell, Portugal… não me esquecerei da
expressão, a propósito da atualidade revoltante e miserável em que vivemos: “há mais chouriço do que pão” e do seu ar
afável , como se nos conhecesse de há muito. Depois de uma boa hora de conversa, lá fomos à caça (seria mais
adequado “à pesca”) , da praia. Primeiro um super-relvado, cadeiras de praia, banhos
e sol… seria aquilo a praia ? E o mar?
Descemos por um trilho íngreme ladeado de pequenas hortas,
descemos, descemos, e, num sopé ínfimo, ali estava a Hondartza (a praia). Dá
licença, desculpe, “perdon”, já agora um espacinho para pôr a toalha, dá-me
licença que mergulhe e … foi certamente a praia mais pequena onde já estive,
mas com água revigorante e uma soberba alcatifa em vez de areia. A praia de Aritzatxu
, para que conste e a encontrem!
Já refrescados, partimos à descoberta da outra Bermeo, a do
mercado, a do porto de pesca, a dos
bares e esplanadas de pintxos, a do barco baleeiro “Aita Guria “, réplica do séc. XVIII.
Um canto pequeno, de capital importância para a região, de
beleza sobretudo natural, a parte humanizada menos interessante, mas ainda
assim um conjunto bem simpático.
Dias da visita: 1 de agosto
2 comentários:
Muito a descobrir no País Basco!
Lindo texto como sempre. Amei a praia e estará na nossa lista de desejos.
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