sábado, 1 de setembro de 2018

Açores, banhos frios ou não, dependendo dos gostos e das marés





Há ali um ponto na ilha de S. Miguel que é especial. É que, olhando para a esquerda vê-se o Sul, olhando para a direita o Norte. E, Norte e Sul são o azul e mesmo mar.


Rodeados dele há quem se sinta enclausurado. Dizem. Não deve ser nesta ilha, nesta ilha há muitos quilómetros para percorrer e nem de todos os pontos o mar é uma constante. Digo eu. Eu, que nunca me senti fechada e até me agradou a ideia de poder virar as costas ao mar, para logo a seguir poder encontrá-lo noutra dobra do mapa.

E depois é assim, quem o vê quer senti-lo. Saber a que ele sabe, já se sabe de um qualquer pirolito, senti-lo na pele é que nem sempre é igual.

Em S. Miguel há praias para todos os gostos. Algumas com longo areal (sempre cinzento-quase-preto), outras que alternam o quente com o frio mais uma vez devido aos efeitos das entranhas do vulcão, e uma especial da qual falarei lá mais para o fim deste lençol.


Caloura



A de Água d’Alto e da Caloura vímo-las com espírito de quem-acaba-de-chegar-e-ainda-tem-tempo. O mesmo sucedeu, na véspera da partida, na praia de Santa Bárbara, com espírito de quem-já-tomou-muitos-banhos-e-agora-chega. Nesta última, absolutamente procurada por surfistas, recuámos no tempo, dando uma vista de olhos nas casamatas ali deixadas desde a 2ª Guerra Mundial.



Sta. Bárbara






casamatas em Sta. Bárbara




A de Rabo de Peixe, mais pequena e humilde, está nas antípodas da badalada Bárbara. Um lugar simples, com gente da terra a aproveitar as férias de verão. Nós aproveitámos para piquenicar na relva ao lado da areia preta.



Rabo de Peixe 


Na praia de Moinhos a história foi outra. Depois de um dia cheio (ver roteiro) chegámos para contemplar e ficámos a saborear a paisagem, o pôr-do-sol e hambúrgueres de carne de “vacas felizes”.



Moinhos




Noutro ponto do mapa, veio a onda e o mar banhou o corpo. Era um fresco intenso que não era frio e sabia bem a fresco porque lá fora estava quente e sabia a sol. Isto foi na praia de Mosteiros, um cenário lunar de pedras pomes escuras. 



Mosteiros




O mesmo sabor sucedeu nas Ferrarias, aquela que fica a descer a pique lá no fundo da terra. As marés subiam e não deu para saborear o morno das águas, foi sempre tudo fresco e com ondas a cercar as paredes das intituladas piscinas.


Em Povoação espreitámos a praia e a nova piscina. Nota-se que o turismo cresce e que quem é da terra pode aproveitar o que há décadas seria só mar para pescar.


A grande Grande GRANDE praia surge agora no fim do lençol e surgiu no fim do roteiro. Areal não tem, seja ele dourado ou preto, mas tem água a 24 graus (ou mais de certezinha), rochas, cagarras à noite, limpidez e peixes a deixarem-se mirar, quase tocar. É um círculo azul e transparente cercado de terra por todos os lados exceto uma pequena entrada, uma espécie de porta sempre aberta por onde o mar entra. Por ali e por pequenas frestas na terra circular e, no exterior das paredes da terra, é tudo mar outra vez. O Atlântico. E o que é praia não o sendo é uma ilhota frente à ilha. Chamam-lhe ilhéu. E como fica de frente para Vila Franca do Campo, ficou ilhéu de Vila Franca. 




Foi entretanto classificada como área protegida e por isso está condicionada a 400 pessoas por dia. Escusado será dizer que é uma loucura para se conseguir lá chegar. Não porque seja longe. Em dez minutos o único barco de passageiros que faz oficialmente o percurso põe-se lá. O drama é ter lugar no barco. Por net é uma hipótese (mas nunca para o próprio dia, ao ingresso nº 200 a coisa fecha); a outra hipótese é levantar cedo e cedo erguer direto para a fila no porto de Vila Franca.












 A sorte bafejou-nos e conseguimos partir no barco a motor. Em boa hora, foi o mergulho mais refrescante e límpido de todos! No ilhéu frente à ilha!






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