Há ali um ponto na ilha de S. Miguel que é especial. É que,
olhando para a esquerda vê-se o Sul, olhando para a direita o Norte. E, Norte e
Sul são o azul e mesmo mar.
E depois é assim, quem o vê quer senti-lo. Saber a que ele
sabe, já se sabe de um qualquer pirolito, senti-lo na pele é que nem sempre é
igual.
Em S. Miguel há praias para todos os gostos. Algumas com
longo areal (sempre cinzento-quase-preto), outras que alternam o quente com o
frio mais uma vez devido aos efeitos das entranhas do vulcão, e uma especial da
qual falarei lá mais para o fim deste lençol.
Caloura
A de Água d’Alto e da Caloura vímo-las com espírito de
quem-acaba-de-chegar-e-ainda-tem-tempo. O mesmo sucedeu, na véspera da partida,
na praia de Santa Bárbara, com espírito de
quem-já-tomou-muitos-banhos-e-agora-chega. Nesta última, absolutamente
procurada por surfistas, recuámos no tempo, dando uma vista de olhos nas
casamatas ali deixadas desde a 2ª Guerra Mundial.
Sta. Bárbara
casamatas em Sta. Bárbara
A de Rabo de Peixe, mais pequena e humilde, está nas
antípodas da badalada Bárbara. Um lugar simples, com gente da terra a
aproveitar as férias de verão. Nós aproveitámos para piquenicar na relva ao
lado da areia preta.
Rabo de Peixe
Na praia de Moinhos a história foi outra. Depois de um dia
cheio (ver roteiro) chegámos para contemplar e ficámos a saborear a paisagem, o
pôr-do-sol e hambúrgueres de carne de “vacas felizes”.
Moinhos
Noutro ponto do mapa, veio a onda e o mar banhou o corpo. Era
um fresco intenso que não era frio e sabia bem a fresco porque lá fora estava
quente e sabia a sol. Isto foi na praia de Mosteiros, um cenário lunar de
pedras pomes escuras.
Mosteiros
O mesmo sabor sucedeu nas Ferrarias, aquela que fica a
descer a pique lá no fundo da terra. As marés subiam e não deu para saborear o
morno das águas, foi sempre tudo fresco e com ondas a cercar as paredes das
intituladas piscinas.
Em Povoação espreitámos a praia e a nova piscina. Nota-se que
o turismo cresce e que quem é da terra pode aproveitar o que há décadas seria
só mar para pescar.
A grande Grande GRANDE praia surge agora no fim do lençol e
surgiu no fim do roteiro. Areal não tem, seja ele dourado ou preto, mas tem
água a 24 graus (ou mais de certezinha), rochas, cagarras à noite, limpidez e
peixes a deixarem-se mirar, quase tocar. É um círculo azul e transparente
cercado de terra por todos os lados exceto uma pequena entrada, uma espécie de
porta sempre aberta por onde o mar entra. Por ali e por pequenas frestas na
terra circular e, no exterior das paredes da terra, é tudo mar outra vez. O
Atlântico. E o que é praia não o sendo é uma ilhota frente à ilha. Chamam-lhe
ilhéu. E como fica de frente para Vila Franca do Campo, ficou ilhéu de Vila
Franca.
Foi entretanto classificada como área protegida e por isso está
condicionada a 400 pessoas por dia. Escusado será dizer que é uma loucura para
se conseguir lá chegar. Não porque seja longe. Em dez minutos o único barco de
passageiros que faz oficialmente o percurso põe-se lá. O drama é ter lugar no
barco. Por net é uma hipótese (mas
nunca para o próprio dia, ao ingresso nº 200 a coisa fecha); a outra hipótese é
levantar cedo e cedo erguer direto para a fila no porto de Vila Franca.
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