segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Açores, terra(s) firme(s)




Chegaram e (alguns) ficaram. Primeiro as casas e logo a seguir (ou seria o contrário?), as igrejas. Brancas e cinzentas. Cor da pedra que a terra dava. 


E assim nasceram as povoações logo batizadas de acordo com o óbvio circundante: Ponta Delgada, Furnas, Ribeira Grande… quando a inspiração faltava, Nordeste, Povoação…

A maioria com um ponto em comum, o mar mesmo ali em frente, ponto de partida e de chegada, porto de abrigo e de trabalho, porto de fome e de luto.

Estes pontinhos brancos de Norte a Sul, de Este a Oeste não são o clímax da beleza em S. Miguel, já sabemos que o Belo casa com o inagualável verde e as inolvidáveis flores e as adormecidas lagoas.

De Ponta Delgada, com fugazes visitas, uma à chegada outra à partida, relembro aqui o poeta. Antero de Quental, o poeta que aqui nasceu e aqui pôs termo à vida, neste banco verde à espera de uma outra esperança.



O poeta que ninguém quis recordar no seu fim e é relembrado noutro jardim.


Dentro dos muros desse Convento da Esperança onde a esperança viva findou, numa pequena capela à porta fechada, lar do Santo Cristo dos Milagres, uma missa familiar que não se podia fotografar. Só o silêncio do claustro.



Das Furnas relembro a simpatia da senhora Rosa Quental, boleira dos famosos bolos lêvedos e que afirma ser familiar do Poeta, apesar de trocar as voltas ao parentesco.


 E a igreja matriz, adornada de luzes como todas as outras da ilha, à noite palco de festas e romarias.


Da Ribeira Grande, não saltando o seu exlibris, a ponte dos Oito Arcos, revivo a sorte de nos ter calhado a rifa do Festival Internacional de Malabarismo, um momento único de alegria e energia.






Do Nordeste, a pérola micaelense mais sorridente, a sua beleza simples e genuína.


Da Povoação, um ou outro detalhe tão simples, tão português.



De todas elas, a calma de ESTAR e a simpatia de quem lá vive, não logo à primeira frase mas depois de as línguas falarem a mesma língua.

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