sábado, 8 de setembro de 2018

Açores – os 4 ou os 5 sentidos?




Se já disse tudo sobre S. Miguel?

Falei certamente da importância dos sentidos, porque lá há sempre uma sinfonia de sinestesias a ser manipulada. (Uma sinestesia é uma mistura de sensações, daí o “palavrão” que aqui assenta que nem uma luva).

Creio que distingui a VISÃO, sempre presente com mil estímulos coloridos, como o verde dos campos ou das lagoas e o azul das águas a confundir-se com o eterno céu.

Mas não falei que, para a visão abarcar tanta beleza, a ilha é pródiga em inúmeros miradouros. Visitá-los a todos seria tarefa para muitas viagens a S. Miguel, por isso deixo apenas o testemunho daquele onde as cores e as formas reinam em absoluto, o do Sossego, num cantinho bem elegante do Nordeste.
















Da VISÃO depreende-se e desprende-se o OLFATO, e ainda não falei do verde doce das plantações de chá. Emana dos longos tapetes verdes o cheiro doce e feliz da “camellia sinensis”, assim como do interior da fábrica de chá Gorreana. 





Está na ilha desde 1883 e constitui uma visita que toca todos os sentidos, incluindo o PALADAR, uma vez que se podem provar os vários tipos de chá existentes, com especial relevo para o preto e o verde. A sabedoria ancestral chinesa ajudou o erguer deste empreendimento, juntamente com o solo micaelense propício à cultura.
A fábrica permanece imutável aos tempos e pode ser visitada em simultâneo com a labuta diária dos seus trabalhadores, podendo fazer-se um percurso que vai desde a colheita ao empacotamento.




Da AUDIÇÃO destaco o som divertido das cagarras, uma ave marinha prima das gaivotas, mas que só se ouvem à noite. A seu lado, por mera coincidência, deparámo-nos com o Festival Blues Caloura e no cartaz a jovial banda Budda Power Blues e a magnífica voz de Maria João. Um concerto único no luar tépido da gigante falésia da Caloura.



Falei do TATO, expresso no toque das águas e no sentir das suas temperaturas, quentes, frias, aveludadas, lisas.

Toquei ao de leve no PALADAR, quando mencionei o chá ou os bolos lêvedos da D. Rosa ; porém, muito mais há a provar, porque afinal estamos em Portugal e, aqui, a gastronomia é sempre um prazer.

Deem-me só mais umas horas para vos aguçar, a vós, o paladar e a mim, a memória para recordar.

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