terça-feira, 11 de outubro de 2011

O cante do barro, em Redondo

Com os meus 18 anos, Redondo era a terra de vozes que celebravam o campo e a tradição, como os manos Vitorino e Janita. Passava-se de carro e eles lá estavam, à esquina.
Agora, depois de ouvir o Vitorino na televisão a falar dos seus burros e da tradição dos almocreves da sua terra – Redondo – voltei a recordar-me dele quando entrei no Redondo para visitar o Museu do Barro. Lá estava o burro – não de carne e osso nem de barro, nem do Vitorino; lá estava o almocreve, lá estavam as louças a relembrar o passado tão longínquo de super e hipermercados, da massificação do plástico, do cartão, do papel…




 (Até no Museu , sobressai o caráter utilitário do barro...)

O recente museu foi inaugurado em 2009 num antigo Convento (num espaço envolvente bem atrativo) e oferece aos visitantes alguns exemplares da olaria redondense, bem como um pouco da história da terra, carregada de barreiros, de gente que trabalhava e chafurdava na terra (para chegar ao barro acho que é mesmo o termo mais adequado) para a amassar e extrair do seu pó, a ajuda para o dia a dia, fosse ela utilitária fosse de caráter mais estético e ornamental. O certo é que dela (da terra) muitos tiravam o sustento para a boca.

Como sobrevivem ainda hoje as olarias é que é um mistério (sabe Deus certamente)?! Contudo, ali, debaixo do calor tórrido deste inusitado Outubro, contei em poucas ruas mais de cinco, nada comparado com as mais de trinta de outros tempos, pois claro, mas então, os tempos mudam e, sob o sol bateu-me forte, qual visão futurista, o Vitorino montado nos seus burros, vendendo loiça e água-mel em tom de rouxinol “repenica o cante”.


(Para os autocaravanistas: o passeio foi tão breve e tão sem casa às costas que não tive tempo de indagar sobre locais de pernoita. Oficial e adequado claro que não há nenhum, mas qualquer rua mais sossegada ou largo não verá obstáculos à coisa. Afinal, se o burro carregava a casa e era respeitado, por que não ser-se simpático com os autocaravanistas na vila redondense?)....

 Até porque a vila do Redondo é também outra(s) estória(s):





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