Primeiro Oliveiras, agora Figueira. Pelos vistos, por este concelho abundam as referências às árvores que nos dão (davam) o sustento. Estacionámos ao lado de um grande sobreiro.
A casa da varanda
Logo à entrada, o que poderia ser uma casa aberta às visitas e a um bom repasto na varanda, mas o tempo já lhe vai pregando das suas e, sem ninguém lhe deitar a mão, quem a poderá relembrar? Onde as vozes das crianças, o som da labuta diária, das galinhas cacarejando no pátio? Deixemo-nos de miragens e avancemos por entre as galinhas de hoje (qual a diferença?) e as abóboras gigantes, quais memórias de Cinderelas perdidas…
Damos mais dois passos e, depois do terreiro meio circular, o “rei” da aldeia aguarda-nos. Dom Quatro Patas de raça rotweill acompanha-nos, e até pousa para a fotografia. Em frente, a loja das aldeias de xisto, uma das muitas espalhadas por essas aldeias, promotora dos costumes destes e doutros tempos. Estava fechada, mas Dom Quatro Patas atraiu a vizinha do lado que logo meteu a mão ao bolso do avental e de lá puxou da chave que abria a loja. Depois, indicou-nos o caminho para a “parte antiga”, como se fosse difícil achá-lo por entre quarteirões, becos e linhas de metro. Logo ao virar da esquina, o que parecia ser o início da reconstrução (postos os olhos nas duas ou três casinhas remodeladas da entrada), foi visão, porque a “parte antiga” era um postal mesmo antigo no qual as ruínas eram palavra-chave. Uma rua “principal” e várias ramificações estreitas, um forno comunitário ainda em funcionamento, o que poderiam ser uns largos, e o fascínio das paredes-meias e da “água vai” por entre janelas estreitas, pedras, xisto, telhas derrubadas, telhados caídos, casas em escombros, sem dono, sem vida.
O forno
a parte remodelada
a A casa dos fundos
Não fora o som do rebanho de cabras e de um martelar numa casa mais atrás, e pensar-se-ia que era uma aldeia fantasma.
Apesar disso, havia um qualquer encanto inexplicável, um certo íman que me fez percorrer o mesmo caminho para trás e para a frente como que para o reter na memória, com medo que tudo caísse de vez. Alguma vez se erguerão de novo vidas naquelas paredes?Do outro lado da rua, a olhar para o campo, isolada das outras, uma nova casa erguia-se. Quem sabe se ainda há esperança?
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