quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dia 3 – dia perdido com final apoteótico


Nestas coisas do viajar com dias limite (mesmo até com um mês, que dizer de 10 dias?!), há sempre um dia que rotulamos de “o dia perdido”, na ânsia de que tudo seja perfeito e não o paraíso perdido.
Desta feita calhou no dia 3, aquele que simbolicamente falando deveria ser o mais próximo da perfeição...
Não que Chefchouan estivesse mal. De todo!
Chefchouan e o seu camping até estavam muito bem, para quem disponha de tempo até aconselho vivamente uma estadia mais prolongada na vila azul e no seu camping de boas vistas e bons ares. Mas o nosso cronómetro não o permitia...
O caminho era até Fez , sem que no entanto adivinhassemos que umas escassas centenas de quilómetros nos levassem quase um dia inteiro a percorrer estradas onde a nota constante é: limite de velocidade 40, 60 , 80;
a cada esquina um contador de quilómetros e um par de polícias atento; veículos de toda a espécie, sobretudo lentos, à nossa frente; já para não mencionar pessoas contra qualquer tipo de pressa...
Chegámos a Fez em boa hora de passear, não fora um dos empregados (gerente?) do camping nos atulhar de papéis e tentar sofregamente impingir-nos uma visita guiada para o dia seguinte. 250 € para as duas famílias, das 9.00 às 17.00. com direito a transporte ida e volta. E autocarro para a cidade, não há? O Gandini bem que anunciava o 38, mas o marroquino tudo negava, empenhado na venda imediata e fresca do guia. Lá o calámos num tom mais ríspido e pudemos sossegar. No dia seguinte se veria, mas sem guia!
Para os mais jovens foi um belo fim de tarde, nas calmas, com jogos e leituras em dia, nada de dia perdido, às vezes também é preciso um tempo morto. O Primo Basílio , do nosso Eça e “Provas manipuladas”, um policial de Donna Leon, foram os livros do top Páscoa 2010 que tiveram honras logo ali e desde ali. A noite terminaria na paz caseira e sono dos justos, não fora um de nós lembrar-se de seguir a música que soava das proximidades. Em boa hora fomos à descoberta do som, houve até quem optasse por cirandar em calças do pijama (adivinhem quem!...) e logo ali, cosido ao camping , brilhava um salão de festas onde se festejava um casamento local. Dois simpáticos jovens marroquinos foram-nos apresentando os usos e costumes, salientando o cavalo branco do noivo, as prendas das damas de honor, o baú do noivo com o dote de ouro e... espreitando para o pavilhão, pudemos vislumbrar a decoração das mesas e os lustres de cristal do tecto. Imaginem só qual não foi a nossa surpresa quando um marroquino mais idoso libertou uma das mesas da boda e nos fez sinal para entrarmos e nos sentarmos... bem, de penetras quase ficámos, não fosse o nosso decoro levar-nos a declinar amavelmente o convite... afinal não eram modos de estar num casamento, em calças de pijama, sinceramente!








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