terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Lekeitio




O nome é musical, não é?
E a povoação também, com a sua pequena e elegante baía e a “passarelle” de madeira até à ilha de San Nicolás. 




O mar, esse, é o Cantábrico, pois então; o protagonista destas férias (em agosto passado…), azul forte e tépido, com praias de todos os géneros, para todos os tipos de gostos. As de Lekeitio são duas, pena a chuva “molha parvos” e a maré cheia que não nos deixou desfilar até à ilha.


O passado de Lekeitio é também de tradição piscatória, como Bermeo. No cais, o barco “playa de Ondarzabal” , ali “dado à costa” , depois de muita azáfama na pesca do atum e das anchovas, desde 2001. 




No casco antigo, junto ao porto, a basílica gótica e a simpática praça do Ayuntamiento. 

Quem quiser admirar melhor a simpática povoação, tem do topo um cenário impressionante: suba até ao Monte Calvário (as três cruzes são bem visíveis) e, no meio do verde silencioso, deixe-se encantar pelo cantinho traçado pelo Cantábrico.





Depois da subida, nada como um elixir vasco – um copo de txacolino numa das suas muitas esplanadas, ou, para bolsas mais modestas, que tal comprar toda a garrafa num estabelecimento local e saboreá-la dentro da AC, na confortável e simpática ASA da povoação (N 43º 21’ 30’’  W 2º 30’ 26’’ ).
A uns bons metros da vila, é considerada de 1ª categoria, à boa moda “française” e com muitos autocaravanistas franceses, como não podia deixar de ser.




sábado, 15 de dezembro de 2012

At last… a costa vasca




Tínhamos pela frente um longo percurso. Ou não, dependendo da interpretação do termo “longo”.
Na  realidade uns cento e tal quilómetros de costa, mas que, consoante a inspiração e os encantos, tanto poderiam levar muito ou pouco tempo a percorrer.
A ideia era conhecer os principais recantos turísticos seguindo conselhos de mapas, guias e livros, mas também deixarmo-nos surpreender por qualquer mágico e inesperado chamamento.
Deixando Bilbao e iniciando o percurso pela praia mais próxima, Plentzia, não se pode dizer que tivemos sucesso. Plentzia  estava , a 1 de agosto, em festa, (vimos os foguetes de longe ainda em Bilbao)mas no dia seguinte, sem que o soubéssemos, (quando se está de férias tende-se até a esquecer o dia da semana…), era feriado no país basco.
Talvez por isso e aliada ao facto de estar sol, as filas eram intermináveis e os locais de estacionamento inexistentes. Saltámos, pois, Plentzia, Armintza, Gorliz, e, irritados com a confusão, decidimos respirar em Bermeo (pelo caminho deixámos também para trás a exígua Elantxobe, lançando-lhe apenas uma espreitadela do alto do morro).
Em Bermeo, num pequeno e sossegado jardim, ao lado do cemitério (N 43º 25'23  W-02º 43' 32    ) uma zona ASA com o essencial.
Estava calor, faltava a praia. Apesar do porto piscatório e da sua ancestral tradição da caça à baleia, a praia não se vislumbrava. Uma simpática sexagenária lá nos revelou o mistério, não sem antes se perder numa longa conversa sobre o seu país - o basco, sobre o outro (Espanha), sobre a crise, a Merkell, Portugal… não me esquecerei da expressão, a propósito da atualidade revoltante e miserável em que vivemos:  “há mais chouriço do que pão” e do seu ar afável , como se nos conhecesse de há muito. Depois de uma boa  hora de conversa, lá fomos à caça (seria mais adequado “à pesca”) , da praia. Primeiro um super-relvado, cadeiras de praia, banhos e sol… seria aquilo a praia ? E o mar?


Descemos por um trilho íngreme ladeado de pequenas hortas, descemos, descemos, e, num sopé ínfimo, ali estava a Hondartza (a praia). Dá licença, desculpe, “perdon”, já agora um espacinho para pôr a toalha, dá-me licença que mergulhe e … foi certamente a praia mais pequena onde já estive, mas com água revigorante e uma soberba alcatifa em vez de areia. A praia de Aritzatxu , para que conste e a encontrem!


Já refrescados, partimos à descoberta da outra Bermeo, a do mercado, a do porto de pesca, a  dos bares e esplanadas de pintxos, a do barco baleeiro  “Aita Guria “, réplica do séc. XVIII.







Um canto pequeno, de capital importância para a região, de beleza sobretudo natural, a parte humanizada menos interessante, mas ainda assim um conjunto bem simpático.

Dias da visita: 1 de agosto


domingo, 9 de dezembro de 2012

O berço basco





Não se pode falar do País Basco sem ir ao berço da sua nacionalidade, imortalizado por Picasso no famoso quadro intitulado “Guernika”. A cidade-berço é, obviamente, Guernika…
Hoje “cidade da paz”, outrora (há bem pouco tempo, em  1937 ) a cidade bombardeada pelo exército nazi, com o acordo de Franco, o ditador homónimo do nosso (salvo seja) , Salazar.
A partir do Mestre (Picasso) as suas ruas tornaram-se também uma escola de pintura mural ao ar livre.




Mas não é por isso que Guernika é o berço. Muito antes de Picasso e muito antes do bombardeamento nazi, em tempos imemoriais, (provavelmente ainda da Idade Média) Guernika era sede de governo e foi a mãe de todos os parlamentos, mais concretamente o primeiro parlamento ao ar livre.
Ali, sobre o genuíno manto verde da mãe-natureza, à sombra de uma grande árvore, vinham dos quatro cantos,  para a difícil tarefa de decidir os destinos dos seus “pueblos”, da sua região, do seu país.

A árvore original, a Mãe, ainda lá está, depois de  300 anos de História. Já velhinha, agora é amparada e guardada pelas colunas do temp(l)o.



Em 1860 foi substituída  por outra, apesar de  Conselho se reunir já sob um teto diferente.  A mais moderna Casa de las Juntas , um misto de Igreja e de Parlamento,  ergueu-se a partir de 1826, e os seus oradores, ainda hoje se sentam sob um teto de vidro onde a antiga árvore espreita simbolicamente , pintada.




Lá fora, no jardim, a árvore plantada mais recentemente (em 2005) lá está. E, quando cair de velha, outra a substituirá. Ali , em Guernika, o berço parlamentar da nação basca.








sexta-feira, 16 de novembro de 2012

tempo de pausa por causa de uma nuvem

Eu sei que já lá vai quase um mês e as páginas teimam em continuar em branco. Não é que não existam, não. Elas estão na memória, nos diários de bordo, nas prometidas férias de verão , nas fotos. .. Muito ainda há para  dizer sobre o amado país basco  (onde estás tu, verão?....): Vitória, San Sebastian, Guernika, a costa azul, o verde, a família a sorrir sem a nuvem a pairar.
Infelizmente, a nuvem paira sobre as nossas cabeças desde 1 de novembro ,o que me impede de ter um espaço aberto para brincar com palavras e com as viagens. O mais normal também é que a Casinha deixe de rolar por uns tempos...
Quem me lê (ou lia) , espero que tenha paciência (que é a palavra que mais ouvimos nesta nuvem que nos sobrevoa), o " tempo tudo cura" (outras que ouvimos amiúde...).

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Impressões de portas




Toca ao longe uma gaita de foles, pode ser Irlanda, pode ser Astúrias, pode ser um qualquer reino da fantasia, da realidade , do passado ou do presente.
O som vem de dentro de uma porta, daquelas que parecem ter olhos em, no entanto, não são janelas, são portas.
Quase o mesmo, dirão. Não, a porta abre-se  e deixa entrar as vidas, encerra-se e, lá dentro, há outras vidas que não se vêem cá de fora. As janelas nem sempre se abrem.
Esta tem ar de olhos, é certo, mas quem lá vive ou viveu, abri-la-á?

(Vila Real de Sto. António, Portugal)

A gaita de foles calou-se num sopro de carnaval.

É a vez de um piano suave, azul marinho, com gente feliz lá dentro.


 (Hondarribia, País Basco)

E gente de tempos tão idos que sonhamos com a tela do cinema, rei Artur, Excalibur, cavaleiros e anéis de poderes mágicos…
A gaita de foles enche o ar novamente...

(Burgos, Espanha)

O passado, o presente. Pode ser ontem, pode ser hoje.
A porta abriu-se…

(Burgos)


 e logo se fechou.

domingo, 14 de outubro de 2012

I have a dream




Podem tirar-me tudo, mas não me tiram a capacidade de sonhar com os olhos bem abertos. Assim, fico-me a olhar para este "monstro" e a pensar: “um dia também serei reformada e viajarei por esse mundo fora, com uma reforma que suporte o preço do gasóleo e o dinheirito para o supermercado, porque o resto são futilidades ( a roupa são meros trapos que só servem para tapar o frio ou o calor; os sapatos basta dois pares, um para cada estação, os pés são apenas dois , e que mais? Tudo o mais, se a reforma viesse na casa dos cinquenta e tais, seriam futilidades). Digo cinquenta, porque era a idade dos proprietários desta grande vivenda,  ali estacionada e por todos cobiçada – até as paredes esticavam!. Se eu vendesse a casa, talvez lá chegasse… Mas aqueles eram alemães e estavam reformados e provavelmente com casa e vivenda. No país da Merkell tudo é possível, aqui é que não. Ah! E é tão possível que, quer acreditem ou não, entre as rodas do veículo, na parte de baixo , havia uma garagem onde os ditos alemães guardavam um carro . E não era um Smart.
Aqui, em Portugal, nem a vivenda (que essa até dispensava, bastava-me uma Van), nem a reforma – e aí é que “a porca torce o rabo”, porque aos sessenta e tais onde está a saúde e a reforma para o petróleo.?
Se calhar este sonho é mesmo utópico, se calhar eles até a capacidade de sonhar me tiram.
Que se lixe a TRoiKa e que se lixem os governos por essa Europa fora. EU QUERO SONHAR!!! (e já agora uma reforma digna).

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Finalmente chegámos: Bilbo, Bilbao




Bilbo! Não é o Baggins (do Senhor dos Anéis, claro),mas é igualmente um topónimo de origens longínquas, quiçá celtas. Segundo os bascos, mais remotas ainda.
Pois é, finalmente, depois de muitas interrupções, pausas, intervalos, lentidões, lá chegámos ao “pais vasco”, inaugurando a entrada com aquela que é a capital da província de Viscaya e a mais antiga das três capitais bascas.
Cidade conhecida pelo seu lado industrial, durante muito tempo, eventualmente de ferro e fumo, cresceu ultimamente em termos culturais e turísticos, graças também ao grande “pássaro” de titânio, o grande ex-libris turístico que a todos ali transporta, o Museu Guggenheim. 



Nele batem olhos, luzes e reflexos e, claro, as inevitáveis lentes fotográficas. Falo sobretudo do exterior, porque apesar do interior albergar inúmeras obras de arte, o exterior é, por si só, A grande obra de arte. O seu guardião colorido, “Puppy”, o cão,  que o diga.




Nós ficámo-nos pelo exterior admirando curvas, cores e reflexos. O rio ao lado conjuga-se com o titânio e fica a curiosidade de ir em frente.




Pós Guggenheim, a cidade cresce noutros edifícios, igualmente sugestivos e diferentes, como este, que alberga uma biblioteca e mediateca do mais moderno. O velho irmana com o novo, os espaços são arejados, amplos, cosmopolitas.





Ao longo do rio desliza o metro de superfície, silencioso e civilizado, mas o caminho até ao “casco viejo” é perto e bom caminho, não vale a pena gastar mais dinheiro.


Chegados à parte velha, a partir do Teatro, penetra-se nas “siete calles” - sete estreitas ruas assim apelidadas devido ao plano desta zona - que partem de um mesmo ponto, com lojas, bares – dos famosos pintxos!!! – curiosidades, gente, vida, monumentos, praças… percorremos as “calles” várias vezes, sete provavelmente, deixando-nos levar pelo fluxo pedonal, pelos apetites, pelas vontades…


Descansámos para uma cerveja e um pintxo…

Continuámos caminho, desta vez para um geocaching que nos fez descobrir a ponte que dá origem ao brasão da cidade.




(in, wikipédia)

Lá perto o mercado novo (uma cidade também se conhece, e bem, pelo seu mercado), infelizmente estava fechado.
Retrato rápido de Bilbo, eu sei. A cidade não é só isto, há de ser muito mais, numa tarde ficámo-nos por aqui. Juntamo-la a outra em agosto de 2008   , num dia de festa em que as ruas fervilhavam de gente, juntá-la-emos ainda a outro qualquer dia no futuro. Bilbo está sempre a renovar-se e é sempre uma visita a repetir e a redescobrir.

Lá em cima, no topo do monte Cobetas, a ASA (N 43º 15´34'' O -2 57' 49'' ).
 Um luxo de área exclusivamente para AC, em tudo muito semelhante a um camping: relva, parcelas com eletricidade e água, guarda 24 sobre 24 horas ( um deles um simpático basco, fã de Portugal. Retribuímos  a simpatia e a preferência). Claro, e uma boa maquia: 15 € por dia. Para ir até à cidade, o melhor é apanhar o 58, as vistas enganam e os quilómetros e subida não são leves. Compensa a vista panorâmica…




Dia da visita: 30 de julho





sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Quase, quase no País Basco



Depois da foz, a última povoação cantábrica antes de solo basco: Castro Urdiales. Uma povoação atraente, ainda com sabor a porto piscatório. Pena não ser muito simpática com autocaravanistas. Estacionámos na zona paga, na praia de Brazamar. 



O passeio até ao “casco viejo” é agradável, a cidade respira turismo e a baía é inspiradora.

Ao longo do passeio marítimo, saudável para a vista e para o coração, uma praia com degraus… 














Algumas casas à beira-mar miram as águas com olhos invulgares…



A praça do Ayuntamiento é uma tentação com os seus bares e esplanadas…

...e lá dentro, em longos balcões, as deliciosas e as suculentas… tapas. Experimentem por exemplo, o bar Marinero:


Subindo até à catedral gótica, a vista é bem bonita, com realce para a moderna baía com os seus pequenos e grandes iates… podia ser irmanada com Coillure. No lado antigo, ainda a ponte e torre romanas.







Foi pena ser só de passagem (29 de Julho).





domingo, 23 de setembro de 2012

Quase no País Basco




Antes de se chegar à costa basca existe um cantinho, na ria de Oriñon, digamos que a fronteira entre a Cantábria e o País Basco, onde tivemos de parar. Vai-se na estrada e o verde da línha da  água misturado com o verde da montanha chama a atenção.


O sítio só vale pela paisagem e pela praia, a povoação (Oriñon) é um lugar descaraterizado, basicamente um camping, daqueles tipo campo de concentração; dois bares; a junta de freguesia e um larguito – fantasma com uma capela.
Ficámos a ver as marés - encher, despejar… - deixando o tempo passar, sem pressas, sem horas.
Pernoita em 29 de Julho ( N 43º23,744  W003º 19, 166)