terça-feira, 30 de agosto de 2022

Carnaval em Agosto

 

 

Ficou-me na  memória, das aulas de inglês dos tempos do liceu,  que em Londres,  ao contrário do resto da Europa-Mundo,  se celebrava um carnaval no verão.  A vontade de lá ir permaneceu desde essa época.

 Este ano,  após 2 anos de vazio devido ao covid-19,  o carnaval regressou às ruas de Notting Hill,  Londres.  Por pouco o via,  mas ainda não foi desta.  Fiquei-me pelos preparativos, o que já foi deveras curioso.

Primeiro que tudo a origem:  este carnaval nasceu com os imigrantes das ilhas caribenhas residentes em Londres,  devido a questões de discriminação.  Alegre e livremente, estes imigrantes começaram a manifestar-se pelas casas e depois pelas ruas do Bairro,  até chegar àquilo que é hoje,   uma imensidão de festa,  albergando mais de 1 milhão de pessoas pelas ruas de Notting Hill.  Anos houve em que o  festejo se complicou com arrastões , o que complicou as questões de segurança,   chegando-se ao compromisso da vigilância e policiamento,  para que todos possam desfrutar.

Em segundo lugar a organização e realização: esta está nas mãos da comunidade, evidentemente,  e a sede de tudo  mora num curioso espaço de lazer do qual em tempos aqui falei -  a ex- igreja  Protestante Evangelista que se tornou num Tabernáculo -  TheTabernacle, de seu nome -  um outrora altar agora transformado noutro tipo de palco, pisado pelos lendários Rolling Stones e Pink Floyd e atualmente espaço para concertos, ensaios,  e ainda com salas de aulas e workshops, exposições, café-restaurante. E acima de tudo um espaço de encontro, ao fim da tarde, um espaço familiar.



The Tabernacle, o Taj Mahal de North Kensington

 Os dias antes do fim de semana do carnaval -   sempre no último de agosto - este ano nos dias 27, 28 e 29 ( este último, feriado no Reino Unido) -  The Tabernacle  já mostrava sinais de alegria com gente que se preparava para o evento, em família, atrevo-me a repetir.

Sexta-feira começaram os preparativos de segurança,  taipais de madeira ( rico negócio para os homens da mesma!),  a encobrir lojas e habitações particulares.  Minutos depois e durante a noite,  os grafittis ocupavam o  espaço em branco,  como se fosse proibido  ter a madeira  a nu.



Ladbroke Grove

A segurança seria apertada,  o dispositivo montado variado-  toilets, venda de comes e bebes,  voluntários… pensei inclusivamente que os residentes poderiam cobrar por cada ida ao seu WC,  depois de saber que também os mesmos vendiam cerveja à porta de suas casas. Fiquei depois a saber que a cobrança privada aos WC  não era afinal  ideia original…



Foto cedida por quem lá esteve no dia e viu!

Os desfiles e toda a diversão   são imersos em muitos decibéis  de música, cada grupo dá o seu melhor para os júris da festa.



Ensaio antes do concurso de bandas


O "Mestre" agradecendo a colaboração e empenho.

 O resto -  mais decibéis de música,  cheiros,  cores,  encontrões, pisadelas - ficou para outra ocasião,  o Covid fará parte apagada da História e o Carnaval de Notting Hill e a sua alegria  serão sempre futuro

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Noruega, “Caminho para o Norte” I. 2022

 



“Caminho para o Norte”: um sonho adiado e realizado, em primeira instância seria realizado sobre as rodas da casinha, se tivéssemos muitos meses de férias, se a reforma fosse para breve, “se” e inúmeras condicionais; assim, acabou por se realizar num voo de apenas 8 horas ida e volta, “by plane, by bus” e por outros variados meios de locomoção, exceto autocaravana.



Apesar de não termos realizado o sonho, fomos vendo como outros o concretizavam. A Noruega é a rainha do autocaravanismo!

O percurso teve a forma de um olho, mais votado ao sul – este – oeste do que propriamente ao norte do território norueguês e contemplou a duração de sete dias.

Começou em Oslo aeroporto ( a extremidade do olho), para logo se percorrer a E6 - com 3.200 km de extensão e a módica quantia de 1.100 túneis, que leva ao norte  - com paragem em Lillehammer; no segundo dia, Lom- Pollfoss- Gheiranger e Loen; no 3º dia, glaciar de Briksdal, Shey, Flam (comboio até Myrdal) e vale de Stalheim; 4º dia, navegação pelo Fiorde dos Sonhos, Voss e Bergen ( a outra extremidade do olho) ; 5º dia Bergen, Hardangerfjord, cascata de Voring e Geilo; 6º e 7º dias – Oslo.

Liilehammer foi o primeiro contacto com terras escandinavas bem distantes e diferentes daquelas que a nossa visão e palato costumam contemplar e degustar. Foi apenas uma pequena introdução ao território dos imensos lagos e fiordes, às florestas de abetos e cultivos de maçãs, para chegar a uma pequena (Lille)  povoação, vizinha do lado Mjosa,  palco dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994. 



O facho olímpico



 Pista de saltos

E foi pela pista de sky que iniciámos o périplo, imaginando o que seria um inverno de manto branco a cobrir montanhas e gente que desliza em vez de caminhar. A pequena cidade, outrora cidade mercantil de fábricas e cervejarias – aprendemos logo que a venda de álcool é proibida em supermercados, o referido comércio é realizado em lojas para o efeito, o chamado monopólio do vinho, casas  controladas pelo Estado -  é atualmente um centro  de desportos de inverno e de verão.


Antiga fábrica


Loja de vinhos






Rua comercial





Também ali tomámos imediatamente contacto com a 1ª estória da tradição norueguesa, para além das muitas lendas da mitologia escandinava, umas à roda de Trolls, outras inspiradas em guerreiros Vikings.

A de Lillehammer remonta aos séculos XII- XIII, e relaciona-se com a luta pelo pretendente à coroa norueguesa entre duas fações inimigas, uma delas, os Birkebein, defensores do herdeiro. Foi este bando que salvou o futuro rei , Haakon IV, fugindo com ele ao longo de um percurso perigoso de florestas  e montanhas,  de 52 km, no meio de uma tempestade de neve.




A tradição é ainda honrada com várias corridas, a “Birkebainer Run”, uma delas com uma mochila ao colo de 3,5 quilos, ao longo dos famosos 52 km.




Outras estórias e mitos nos foram acompanhando, os dias vindouros abordariam sempre o famoso Peer Gynt…e os famosos Trolls.