domingo, 26 de fevereiro de 2012

O triângulo estremenho



Badajoz- Mérida – Cáceres, o triângulo não das Bermudas, mas da Extremadura espanhola.
Número I: paragem obrigatória em qualquer Carnaval: Badajoz. Diz a publicidade que está entre os três maiores carnavais de Espanha e, mesmo sem saber quais são os outros dois, aceno que sim e concordo!
Querem alegria, cores, vivacidade, ritmo e energia sem plagiar o Brasil? Querem trajes criativos, pinturas faciais delicadas sem estar em Veneza? Querem fugir ao trapalhão, à piadola forçada, ao homem travestido com as meias rotas? Nesse caso, atravesse-se a fronteira e no sábado ou segunda à noite da semana carnavalesca, entre-se em Badajoz (não se esqueça é que na 3ª por ali ainda é feriado, Espanha ainda não é território para passos de coelhos).


A noite transforma-se em dia, as ruas transpiram cor e luz qual época natalícia, as famílias (do neto ao avô) rodam empurrando o carrinho do bebé, o das bebidas, o das baterias e das percussões. Não chovem serpentinas, mas emana animação sonora e festim visual, misturados com álcool disfarçado de Fanta e coca-cola “lai”. Pela noite fora. E, no dia seguinte, para os mais pacatos, o impressionante e longo desfile de pessoas e horas (dizem, porque estes aqui ficaram-se pela “night”).
 Não se esqueçam é da mascarilha e do traje, caso contrário sentir-se-ão “outsiders”.  Comecem já - por que não ? - a confecionar algo. Procurei e havia de tudo, de todas as idades e de todas as matérias, difícil é rivalizar com  a criatividade. Pronto, está certo, os Strumpfes eram muitos e não vi nenhum Marreta. ..
Pernoita: falta a Badajoz uma área simpática para autocaravanistas, mas em qualquer terreno plano ou área residencial se dorme bem, experimente-se por exemplo o parque de estacionamento nas traseiras do Carrefour.




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Tempo parado


Há quem passe pelas coisas e não as veja. Há quem pare e fique a admirá-las uma eternidade, ou só um bocadinho ou o quanto baste. Há um cem número de categorias nas quais me incluo e não incluo, porque o que quero destacar são as pessoas que olham e fotografam motivos recorrentes sem se darem conta e, só depois, à força de verem as próprias imagens, percebem que são “motivos recorrentes” no seu repertório fotográfico.
Já falei do motivo “portas”, do motivo “janelas” para me deparar agora com os “relógios”, oriundos de diversas viagens e de tempos parados, de horas cristalizadas, com e sem hora marcada (apesar de agora reparar que também o meio-dia foi motivo recorrente)…
Como o tempo redondo e placidamente alentejano (Redondo, Portugal):

Ou o tempo de raios estendidos (Veneza, Itália):
E o tempo ao lado do Zodíaco, banhado de ouro (igualmente Veneza):
Ou um tempo mais sóbrio, antigo, tão antigo que faz lembrar frio (Podence, Portugal):

 Ou realeza , ou justiça (na terra de Andersen , Dinamarca)
 O tempo organizado desse norte europeu, de mãos dadas com o ritmo dos sinos e das pás que moem mais tempo (Copenhaga, Dinamarca):

O tempo virado a norte, sul, este, oeste, à espera das despedidas e dos reencontros (gare de Waterloo, Londres):

 O tempo frio , de ameias , de poder local (Câmara de Copenhaga):

 O tempo que apresenta as evoluções do tempo: da sombra dos ponteiros aos mecanismos de corda e badaladas): (Concarneau, França)
 O tempo de Sua Majestade , o mais certeiro de todos (Big Ben, claro):
 Até ao tempo parodiado por quem se afirma quase dono dele (Basel, Suiça):
 E ainda o tempo da luz (Arcos, Espanha):
 Terminando na luz divina, no poder do sol e da lua, nas origens (Berchtesgaden, Alemanha):

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Praias "in" de Portugal

 A contrastar com S. André, algo similar, só porque tem lagoa e mar, nos restantes aspetos as diferenças são gritantes.
Aqui já não é Alentejo, entramos em terras sadinas e noutras atmosferas. Se na primeira a atmosfera é respirada pela classe média ou baixa-média; aqui impera o “in”. Pensa o leitor mais incauto “mas quem?”, porque o leitor ou telespetador mais atento das notícias do verão de 2010 e 2011 já deve ter percebido a que território me refiro.
Lagoa, mar e “in” e é claro que me refiro à linha de Tróia, começando na lagoa de Melides e acabando na afamada Tróia. Contrariamente há uns atrás, a de Melides está “in” ou para lá caminha.


 Aqui, logo à entrada da povoação, um parque de estacionamento com “sombreros” (pouco “habitável” para autocaravanas), apartamentos alinhados e , na areia da praia, em vez do tradicional bar e esplanada, agora temos o “lounge” com “puffs” e até camas de dossel esvoaçando no deserto macio…



 Uns quilómetros mais adiante, a linha do “in” total na praia do Pego (Carvalhal), completamente interdita a AC (com barras de altura) e completamente cheia de tias que vão à missa das 19h. ao domingo e à 2ª levam os filhos à equitação.
Se estacionar é difícil, pernoita só em camping (de Melides, por exemplo). Até Tróia pior ainda, até mesmo o simples acto de circular na estrada. Tróia é agora um gigantesco condomínio fechado para carros e particulares.

Nada como prosseguir caminho e optar por território neutro: Alcácer do Sal. Já sem mar mas ainda com as águas do rio que servem de ponto de transição entre as águas e a secura da planície.
Recentemente arranjada na zona ribeirinha, Alcácer vai mirando o rio, com uma pequena marina e um simpático passeio pedestre ao longo de duas pontes, evocando algumas cidades do norte europeu, onde os rios, as pontes e as casas-barcos são o pãonossodecadadia.
Bom final para o nosso capítulo I de férias de verão 2011 e certamente um bom início para férias 2012 deste verão que se aproxima.