terça-feira, 23 de julho de 2013

Entre o pinhal e o mar... S. Pedro de Moel




A sua história remonta a D. Afonso Henriques, mas ganha fama com os “palácios” aos Condes de Vila Real, no séc. XV. Dessa época ficou a lenda da Duquesa de Caminha que muito chorou o seu amado, perdido para sempre numa queda do rochedo para o mar, daí ficando o nome  “Penedo da Saudade”. No passado escrevia-se Muel, hoje S. Pedro de Moel; o rochedo ainda lá está, no seu topo o farol.


"penedo da saudade"

Nos finais do séc. XIX novo plano habitacional se ergue, a fama e a moda de ir a banhos acentua-se e, mais tarde, nos anos 20, a avaliar pela arquitetura caraterística do Estado Novo, muita gente aqui se instala como casa de férias, num local onde o mar e o pinhal são o cenário ex-libris. Cal e pedra emergiram ao lado da idílica paisagem e S. Pedro está outra vez no top






casa do poeta Afonso Lopes Vieira, hoje convertida em Museu e colónia de férias




calçada portuguesa na praça principal


Neste fim de semana de 20 e 21 de julho estava certamente na moda, a avaliar pelo número de veraneantes portugueses e estrangeiros (muitos espanhóis, franceses, belgas e até húngaros) e pela animação cultural e desportiva. A pacata vila recebia as festas da quermesse (belos sonhos/ filhós , sim srª!!!),




 o VI torneio de polo aquático na piscina face ao mar. Possivelmente o VIº e último já que o célebre materialismo que carateriza o turismo nacional irá transformar o complexo em apartamentos turísticos. Antes foi um casino que foi abaixo perante a revolta ou tristeza de muitos locais, agora a piscina …







Fora das piscinas, nas ruas e praia, ouvia-se um insólito e animado grupo de músicos que publicitava o concerto das 22 horas de sábado,  projeto Bug. À noite,  a praça encheu-se de um ritmo alegre e vivo, com a banda de vários  elementos, castiça e alegre. 






até de cadeira de rodas se tocava (melhoras , Renato!)


Os lugares de pernoita na vila não abundam, principalmente em época balnear. O melhor é estacionar ao longo de uma avenida longe das ruas estreitas e pernoitar no parque de estacionamento acima das piscinas ou então procurar um camping. Na vila há dois, um com piscina (Orbitur, e por isso mais caro e o do INATEL).
A época balnear ainda tem muitos fins de semana e olhem que a praia chamava!... e o pinhal também.








sábado, 13 de julho de 2013

Um salto até ao “ pays basque”




Se de Hondarribia, pelo canto do olho (maneira de dizer) , miramos França; num pulo chegamos a terras francas, igualmente verdes , igualmente bascas. Muda a língua, a moeda é também a mesma (os preços não!), a água igualmente tépida e agradável.
Vamos correndo as “capelinhas” todas,  na esperança de um lugar aprazível para a nossa vivenda, mas se França é o paraíso das áreas de serviço, o mesmo não se pode dizer do cantinho basco à beira mar plantado.
Hendaye, com a sua área ao lado da estação de caminhos de ferro, é exígua para tanta casa rolante, barulhenta e com ar desmazelado. Passemos à frente…
St . Jean de luz afigura-se mais simpática, ali, à beira rio, numa cidade que parece emanar luz e azul. Não ficámos a saber, a AS estava completamente lotada.
Mais à frente a famosa Biarritz. Não nos pareceu que fosse ali o nosso novo lar, mas, contrariamente às previsões, havia um lugarzinho meio ao sol meio à sombra (N 43.46532  W -1. 5716).  Um companheiro português veio logo a correr, ajudando na manobra e relatando as novas do sítio. Área paga (10 €), visita dos funcionários cobradores uma vez por dia a hora incerta, já lá estava há 3 ou 4 dias e só tinha pago uma vez porque estava sempre na praia à hora da cobrança. Luz incluída no preço, mas o francês que estava dois lugares abaixo monopolizava a ficha elétrica porque ele tinha televisão, frigorífico e “ordinateur”, imagine-se! Depois de uma discussão de surdos e muitos pontapés na “grammaire” , lá conseguimos o que queríamos, bufff!!!

Em boa hora chegámos , não porque a AS fosse especialmente 5 estrelas, mas porque aquele calor de o agosto de 2012 convidava à água e a praia era ali a uns parcos metros. A feminina praia de Milady.




E é essa a boa fama de Biarritz: sol, areia, mar. A cidade tornou-se rival da Riviera francesa em 1854, depois da Imperatriz Eugéne ter trazido Napoleão III para umas “vacances” . E daí veio o ainda atual  glamour e provavelmente a animação noturna.
O glamour vimo-lo a passar, sobretudo nos elevados preços a brilhar em montras e esplanadas e num restaurante de “huitres” que apenas bisbilhotámos, vendo travessas redondas carregadinhas das suculentas ; a animação, essa, respirava-se ao longo do percurso a pé até ao centro (uns bons 2,1 quilómetros!!!) e no concerto ao vivo frente ao famoso Casino.




Interessante mesmo foi o “marche nocturne”,  na praça  Les Halles , durante a leve frescura da noite. Artigos confecionados com gosto, mas uma abismal diferença de preços quando comparados com o vizinho país basco espanhol.
 Ici, c’ est la France, ici Pays Basque (diz a lenda que o diabo só conseguia pronunciar três palavras em basco depois de o ter estudado durante 7 anos!!!). Correndo o risco de ficarmos como o diabo,  lá continuámos. (Não sete anos, claro!)

sábado, 6 de julho de 2013

“V” de Vitória



Para quem atravessa Espanha e pretende chegar para lá dos Pirinéus, ou para quem regressa a  este cantinho ibérico, Vitória/Gasteiz fica no caminho (norte de Espanha, claro!) e não merece que seja desvio, antes paragem obrigatória.

O seu nome original era Gasteiz quando ainda se tratava de uma pequena aldeia. Foi fundada no topo de uma colina, no séc. XII. Tinha apenas três ruas que cruzavam a colina a norte e a sul, hoje na colina essa é a parte “vieja”.  Na realidade, a Vitoria de hoje tem mais de 200 e tal mil habitantes, muitas ruas e avenidas, uma rede de metro à superfície fantástica e é denominada “Capital Verde Europeia” . Ou melhor , o título foi-lhe atribuído o ano passado, e quando lá estivemos , em pleno Agosto, tal nomeação era bem notória. Certamente que em 2013 o verde e o título continuam, porque o que a rodeia não é para menos : a cidade está rodeada por um anel verde que forma um conjunto de 4 parques, já para não mencionar todos os outros parques e parquinhos no seio da cidade. Até o metro circula num carril forrado de relva!



A zona para AC também existe, 10 lugares (teoricamente) e grátis (N  42º 51' 57''   W 2º 41´7  ). Fica a mais de 2 quilómetros do centro mas nada que ou umas biclas ou o metro não resolvam – a cidade é plana, as ruas amplas e sempre ladeadas de verde. Para além do ar verde e puro, Vitoria respira qualidade de vida.
Iniciemos o nosso passeio pela catedral Nova, já do séc. XX, estilo neogótico. Depois, a Plaza da Virgen Blanca, dominada pela Igreja de S. Miguel. Ao longo das varandas dos prédios da praça dominam as marquises brancas , de vidro, e ao centro o monumento de homenagem à batalha de Vitória de Espanha face ao exército de Napoleão,  em 1813.


 Plaza da Virgen Blanca


 Esta praça comunica por um arco com a Plaza de Espanha, cheia de “arquillos”, onde se encontra  a oficina de turismo e o Ayuntamiento.


Plaza de España

Indo pela igreja de S. Miguel entra-se no casco viejo: ao longo das ruas até à catedral antiga muitos palacetes.. .
A catedral continua em obras. Vivendo desde sempre a iminência de poder cair, as obras continuam desesperadamente para que o seu testemunho seja salvo. Entrámos munidos de capacetes, observando as diferenças , o que ainda exibe rachas e fendas e as novas paredes, limpas e luzidias.



 Ao longo das ruas antigas sobressai ainda a toponímia medieval caraterística: rua Herreria, Pintoreria, Zapateria…. As casas medievais, os brasões  e os lindos murais…









A uns passos dali , a modernidade: um centro comercial ao ar livre com as lojas da praxe, esplanadas e  a vivacidade das gentes…

Outra forma de ver Vitoria é escolher um dos muitos percursos verdes no interior da cidade. Escolhemos o caminho pela Senda, desde o Parque da Florida até ao início do bosque de Armentia. Ao longo do largo e extenso passeio,  fomos admirando vários palacetes (um deles o Museu de Belas Artes e outro a sede do governo basco). No Parque del Prado aproveitámos para uma siesta (“em Roma , sê romano”). Para falar a verdade, os vitorianos pouco dormiam , aproveitavam antes o calor mergulhando nas suas piscinas públicas, já que o mar ainda fica a uns quilómetros.



Museu das Belas Artes

Na peugada de mais água fomos ainda até ao complexo de piscinas  em Gamarra   e  visitámos um dos pontos estratégicos e obrigatórios da cidade: o parque de Salburua onde se localiza o famoso centro de interpretação suspenso na natureza. Calcorreámos calmamente mais de 4 quilómetros, à volta da “balsa de Arcaute”, descobrindo veados e aves escondidas no seu reino verde e isolado.


 ( quem é, quem é?)





Finalmente, para a prática balnear,  juntámo-nos aos vitorianos e fomos até à “sua praia”: uma barragem e parque natural na zona limítrofe de cidade. Um parque extremamente limpo e organizado, com duches, barbecue, lavatórios, múltiplas áreas de estacionamento e de picnic, e , claro, as águas tépidas da barragem. 5 estrelas! Não fora os mosquitos e teríamos lá pernoitado. Assim, usámos e abusámos da área grátis em Vitória durante 4 noites. Sim , porque todos estes percursos à espreita de água , verde e monumentos não são coisa para um dia.




Vá e deixe-se estar, Vitória é para ficar.