terça-feira, 29 de setembro de 2015

Pedra sobre pedra

Pedra sobre pedra nasceu.



Defesa e beleza.


Ao longe campos, tudo redondo em redor.
Verdes campos sem gota de água dourados.


Beleza e defesa.
Casas e vidas, para lá das portas, para lá das janelas.




O branco a doer.
E este chão que cala pés de tempos idos. E de outros que virão.



Ao longe campos, agora água, verde e azul.


Sempre sempre este chão de pedras caladas.
Pedra sobre pedra vives.


Monsaraz és.



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Mais uma rica vila alsaciana

1 de agosto 2015

Neste simpático cantinho de França (Alsácia pois então), a partir de Kaiserberg , num raio de poucos quilómetros,  pode-se estar ali semanas visitando alegres e coloridas vilas, sem saber dizer qual delas a mais bonita. Partimos de lá à procura das mais bonitas.
Riquewihr é outro exemplo cromático e encantador no coração dos vinhedos. Classificada como uma “das mais belas vilas de França”, será por isso que, das duas vezes que a visitámos (agora  e em 2006), as suas ruas estão sempre repletas de turistas.
O seu nome deriva do nome próprio de um dos seus originários proprietários, Richo, tendo depois evoluído para Richovilla. Foi das poucas vilas deste lado de França que sobreviveu aos ataques da 2ª Guerra Mundial e hoje mantém-se intacta e maravilhosamente autêntica. Um cenário de filme se quiserem recuar até à Idade Média.
O seu fascínio deve-se sobretudo à sua dupla fortificação e a dupla visita: por um lado, o interior do burgo destacando-se a rua central que corta a sua geometria circular em dois; 







por outro lado a parte exterior, na qual , no que outrora seria o fosso , assentam hoje as costas das casas , visão igualmente interessante e bela.




Todas estas vilas: Colmar , Kaiserberg e Riquewhir são o sítio ideal para quem gosta de mercados de natal ao ar livre. Isto é, no natal o cenário é outro e as ruas vestem-se com outro colorido, do qual falo sem experiência alguma, baseio-me apenas em imagens e suposições. Riquewhir , sabendo que em dezembro eu não lhe faria uma visita, brinda-nos com a eterna loja de natal Kathe Wohlfahrt, um autêntico museu de natal, aberto todo o ano.

Não a repetiremos certamente no natal, mas repeti-la-íamos mais à frente na nossa rota… na Alemanha… mas isso é história para outro capítulo…

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Montanha do Imperador

31 de julho, 1 e 2 de agosto



Pernoitámos em Kaiserberg três noites. Uma  área de serviço espaçosa, com o necessário, num local sossegado, escondida no meio das vinhas. 




Claro que, para usufruir de tal é necessário pagar (8 €). Lembro-me de quando nos iniciámos nestas aventuras sobre rodas ter ficado encantada com esta hospitalidade francesa e alemã. Óbvio que continuo encantada, a área de Kaiserberg ( bem como outras ) ainda lá está.


 É o sítio ideal para visitar outras vilas, todas elas se encontram num raio simpático de poucos quilómetros e há ainda a possibilidade de realizar passeios únicos de bicicleta, se for o caso de viajar com uma.
Kaiserberg, nome para a “montanha do Imperador”, fica no seio do verde, das vinhas, pois então, e das montanhas – les Vosges.
A sua arquitetura medieval é tipicamente alsaciana, aquele toque e pincelada única mesclando França e Alemanha.




Na rua General de Gaulle, a  igreja matriz  com elementos românicos e a sua alegre fonte. 









Mais à frente, a ponte do séc. XV sobre o rio Wiess. Neste preciso ponto apetece ficar horas a fio contemplando as cores, as janelas, as casas…  para que fiquem na retina toda a vida. Pena não haver uns banquinhos e o muro estar sempre ocupado…


Depois…  é andar pelas ruas mais escondidas, pela esquerda, direita, ao acaso, e deixarmo-nos conduzir pelas cores.




Na área de serviço muitos franceses, muitos italianos, alguns espanhóis …e nós. 
Entretanto, ao terceiro dia, a canícula chegou ( atingiu 38º graus, parecia o Alentejo). Fizemos como os outros , debaixo das sombras com as cadeiras e mesas, dormindo a sesta, esperando que a tarde refrescasse. Férias também são para descansar e isto de andar de vila em vila cansa.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Colmar – Kolmar

Dia 6

31 de julho

Depois de um fausto pequeno-almoço caseiro de ovos mexidos e bacon, partida para Colmar.
O nome é francês, noutros tempos, quando pertencia à Alemanha, era Kolmar. É a terceira maior cidade da Alsácia, com 70 000 habitantes.
Os franceses organizam, desde 1959, o concurso “des villes et villages fleuries”, destinado à promoção, embelezamento e preservação dos espaços verdes e património. Colmar foi classificada com quatro flores, o prémio máximo do concurso.


De facto, é um prazer pisar as suas ruas, ruelas e quarteirões. As flores abundam nos parapeitos das janelas, pontes, gradeamentos; as fachadas brilham, as madeiras estão cuidadas e reluzentes como se a Idade Média fosse hoje, as águas cantam nas fontes; as cegonhas elegem os seus telhados na época estival; as cores dos prédios transmitem vida e alegria.







Não sei porquê não estivemos muito tempo em Colmar, porém, a cidade merece definitivamente mais do que um dia de visita.
Vale a pena pisar e repisar, mirar e “remirar” lugares como estes:

A casa Pfiter



O quarteirão dos Tanneurs ( nos séc. XVII e XVIII era aqui que os curtidores de peles viviam e trabalhavam, nas altas janelas dos pisos superiores era onde secavam as peles).



Quartier de la  Poissonnerie (ao lado do rio Lauch , entre o quarteirão des Tanneurs e a Petite Venice, eram as ruas onde viviam os pescadores e onde vendiam o seu peixe. Um incêndio em 1709 destruiu muitas das colombages, só no séc. XX foram restauradas).

La Petite Venice - pequeno quarteirão a sudoeste da cidade, onde as casas se erguem ao longo do pequeno rio Lauch , lembrando Veneza. Tal como na tradição veneziana, o pequeno canal é percorrido por barcos.




Outras atrações  a não perder:

Casa das cabeças


Biblioteca Pública e o seu refrescante jardim (onde almoçámos “à turista de pé descalço”).




Para visitar a cidade estacionámos numa larga rua ( N 40º 09´57,2´´  E 7º 21´28,1´´  ) com lugares específicos para autocaravanas, na qual, curiosamente, encontrámos uma AC portuguesa. 



( Nota curiosa: raramente se encontram portugueses, até Colmar foram os primeiros, mas quando se encontram não parecem muito recetivos ao convívio, o mesmo não me parece que aconteça entre italianos, por exemplo, ou entre franceses quando se encontram a visitar Portugal… )

Pernoitámos numa vila igualmente alsaciana, verde e fotogénica, a poucos quilómetros de Colmar, Kaiserberg, a qual fica aqui já prometida para o próximo relato.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Revisitar Alsácia

Dia 5
30 julho



 A Alsácia é uma pequena fatia no mapa de França, colada à fronteira alemã, possuindo tanto de um país como de outro, sendo no entanto uma região única. Foi povoada ao longo dos séculos por germânicos, Luís XIV anexou-a à França, passou para as mãos alemãs aquando da Alemanha Nazi e voltou a ser francesa depois da 2ª Guerra Mundial. A influência germânica é notória no nome das suas vilas e cidades, também a arquitetura é uma mistura curiosa das duas nações; a singularidade e personalidade da Alsácia são porém únicas, tornando-a numa região sem par no extenso mapa francês.


A sua singularidade nasce ainda da sua paisagem:  os vales e extensas vinhas (não se esqueçam de provar um Riesling),  campos verdes a perder de vista; a sua gastronomia, (juntem ao vinho a famosa tarte flambée), o vinho (o tal, por exemplo) e a cerveja (qualquer uma); a sua arquitetura espelhada nos magníficos castelos e ,obviamente, nas aldeias típicas com o seu desenho e pormenores de madeira (as colombages) .
A ela finalmente chegámos, sendo que muitos dos sítios visitados não seriam novidade, em  2006   já lá havíamos estado, revisitar a Alsácia era ponto assente desde a primeira vez.
Iniciámos pela pequena e invulgar Eguisheim. Digo invulgar porque a sua forma é elíptica em torno de uma praça central e com uma dupla fortificação . Entre as duas muralhas foram edificadas as dependências agrícolas, prédios anexos que constituem uma nova rua, periférica, chamada “Allmend”. Iniciámos a rota aqui:



Mesmo sem nos darmos conta fazemos a ronda, para chegar ao mesmo ponto: aqui.


Outro atrativo da vila é a paleta cromática das suas casas, apesar desta ser uma nota das últimas décadas: cores alegres , vivas, sempre diferentes.


A estrutura de madeira é outro ponto atraente que torna as colombages medievais únicas e especiais.


Olhando com atenção as fachadas descobrem-se ainda brasões da família e epígrafes, sobretudo na estrutura de madeira. Indicam muitas vezes a data de construção das casas e as iniciais de  quem ali vivia. (IHS significa Jesus Hominum Salvador, uma espécie de pedido de proteção àquela casa).


Na praça central (Place du Chateau), o Castelo. Supõe-se que na época romana existia já uma construção defensiva sobre um montículo de terra. No séc. VIII, nesse mesmo local, existiu uma residência, pertencente a um rico proprietário chamado “Egino” que provavelmente deu o nome à vila. Mais tarde, no séc. XIX, ergueu-se no centro da praça uma capela dedicada a Bruno de Eguisheim, posteriormente nomeado Papa Leão IX. Uma fonte com a sua estátua imortaliza-o na mesma praça.



Capela, muralha e fonte (com Papa)



interior da capela


Dizer que a vila apresenta algo de menos bonito é difícil, a calçada, as ruelas, as casas , as flores...








...o artesanato local, o cheirinho a tarte flambée,o bretzel, o som de castanholas das cegonhas… ainda não tinha falado das cegonhas? Outro ex-libris da Alsácia, a cegonha branca, com o seu longo bico vermelho, a sua altura considerável, voando pelos céus das vilas e cidades, morando nos telhados de casas e igrejas… e ainda nos pequenos pormenores.




Para dormir, o parque de estacionamento gratuito, antigo campo de basquetebol, na zona desportiva ( N 48º 2´36.96  E 7º 18´46.296  ), obviamente sem luz nem água, mas sossegado e perto do centro. É bom estar na Alsácia!