Faltava-nos um capítulo nesta aventura do
autocaravanear e eis que nos estreámos este fim de semana. Viajar em quatro rodas a quatro, a
três, a dois, às vezes a seis ( e até a
oito… ) tem sido a prática corrente. Faltava-nos, porém, incluir na casa o
bichinho de 4 patas.
É frequente , ao longo destes doze anos de autocaravanear
ver famílias completas viajando com o
seu animal de estimação, já vimos cães (às vezes 2 e 3 na mesma AC), gatos, periquitos
e papagaios.
O aspeto positivo é que os bichos não são abandonados
em férias e sendo alguns deles parte
integrante da família, vão de viagem e ponto final ( lembro-me de um alemão que
viajava por Portugal apenas acompanhado do seu cão, um cão abandonado que tinha
adotado). Noutros casos, o cão, por exemplo, faz inclusivamente o seu papel de guarda da casa, ladrando lá de
dentro a indesejados do lado de fora, o que pode ser uma ajuda neste meio de
locomoção tão vulnerável a assaltos.
Estes
aspetos convenciam-me. O que sempre me deixou mais perplexa prende-se ao pequeno
espaço onde se viaja e se vive durante aquelas semanas , meses, para ainda
assim ser ocupado por um cãozarrão. Cheiros, dejetos, enfim, tudo isso que
imaginais, assim eu pensava e tentava visualizar, sem grande apreço.
Ainda assim, pesando prós e contras , o membro mais
jovem da família, apenas com um mês e meio e a escassos meses de ser cãozarrão,
estreou-se nas lides autocaravanistas.
Saímos dois e ela, a bichinha de 4 patas, e fizemos
a primeira de muitas (espero) viagens,
até ali, quase à esquina: Monsaraz.
Tal como com um bebé, tivemos de
jogar com o tempo da viagem, pensar em possíveis enjoos, sedes e as tais necessidades
fisiológicas. Tudo bem, até adormeceu no seu berço de madeira …
Restava a adaptação ao novo lar,
sobretudo a questão dos dejetos no habitáculo, especialmente durante a noite
enquanto os donos possivelmente ressonariam… Afinal (se calhar mero golpe de sorte) nada do
pior aconteceu, um passeio noturno, um outro a meio da noite e o terceiro às 8
horas matinais e tudo se resolveu com sucesso. Claro que não ressonámos de sono
tranquilo como se nada de novo ali estivesse…
Fora isso os passeios pela
espantosa vila de Monsaraz realizaram-se amiúde. À noite para nos deliciarmos
com a paz, silêncio e sossego. De manhã para acordar com a vista deslumbrante
do grande lago mesmo ali à nossa frente como se dono dele fossemos. E depois a
vila vista de dia… com mais turistas , é certo, muitos espanhóis a desassossegarem
uma cadela ainda tímida e receosa de barulhos desconhecidos, mas sempre Aquela
vila.
Regalámo-nos com as pedras, o
branco das paredes, o chão às pedrinhas colocadas à mão ,uma a uma… afinal uma
das mais belas vilas de sempre, não só de Portugal, mas de fazer inveja a tanta
vila “fleuri” em França, na Alemanha ou onde quer que seja. O silêncio, as
cores, a calma alentejana são únicas no mundo.
1 comentário:
Boa noite, Companheira. Gostei de ler o seu relato, em especial por ver que se deixou conquistar pela bichinha. São companheiros inigualáveis, que desde que sejam ensinados habituam-se e não fazem disparates. Eu também viajo com os meus amigos e não os deixaria por nada. Bons passeios.
Saudações autocaravanistas,
Maria Melo
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