“Não acredito em bruxas, mas que
as há, há”. Eis uma frase por aqui muito
badalada, a qual eu não proferia, mas depois daquele um de novembro fatídico em
que ia perdendo um dos meus filhos, passei a repeti-la.
Também nunca simpatizei com o
Halloween, embirração provavelmente preconceituosa de quem embirra múltiplas
vezes com tudo o que é americano, porém, por outro lado, máscaras e adereços,
dada a veia teatral, sempre me
atraíram. Assim, o Halloween, também
conhecido por dia das bruxas e associado ao dia dos mortos ou de finados, fica ali num
território híbrido difícil de objetivar.
Mas aqui vai: a data aproxima-se e decidi recordar algumas
memórias felizes, vividas em Londres.
Não me maquilhei, não vesti trajes a rigor; fiquei-me pelas
vistas de uma decoração primorosa de
quem leva as coisas a sério.
Uma delas,
foi a visita a Columbia Road Market
onde se comemorava o dia dos
mortos, tradição mexicana com raízes
folclóricas muito mais criativas
e que, na minha cabeça, faz muito mais sentido. Ali, os mortos são homenageados pelos vivos,
porque recordá-los é não apagá-los e, claro, não podia deixar de ser, a figura ímpar da querida Frida Kahlo, tinha de estar presente.
Outra delas foi a visita ao
cemitério de Highgate, não pelo espírito macabro que me pudesse comandar, mas
pela curiosidade de visitar um espaço que é também arte arquitetónica. Não era a única, mesmo tendo de pagar
bilhete, havia muitos certamente como eu.
Ali se encontram campas e túmulos góticos, de filmes de terror como já ali se filmaram, e as marcas do tempo e da natureza
mais fortes do que o homem.
O camarada Karl Marx, frequentes vandalizado, naquele dia estava limpinho.
Curiosamente, afinal há sempre
alguém macabro o q.b., não só para
visitar o espaço em visita guiada,
vestindo rigorosamente estilo gótico,
como quem habite dentro do espaço
murado do cemitério, com vista
privilegiada para as campas. Refiro-me a
uma vivenda, tipo casa-cubo, certamente
milionária, de três pisos, cujas paredes são vidros abertos para o exterior, e em cujo interior pude contemplar um quarto, um piano ,
um mini ginásio e os seus dois habitantes na sua vida quotidiana e mundana. Obedientemente não tirei fotografias.
Deixo-me, pois, de preconceitos, crendices e
outros comportamentos que tais. A
morte faz parte da vida, ponto final.
Sem comentários:
Enviar um comentário