Os únicos momentos desta Páscoa
2017, nos quais se conseguiu respirar fora do incenso das procissões e sentir
que era o início da primavera, foi já perto de África. Seria devido à
influência árabe?
Um deles, foi quando parámos no
tempo e entrámos noutro espaço: Baelo Claudia. Diz-vos alguma coisa? Para os
espanhóis não sei se quer dizer muito, porque até lá e para lá as indicações
sinaléticas são quase inexistentes, apesar deste conjunto arquitetónico ser
Monumento Histórico Nacional.
Trata-se das ruínas de um cidade romana ,
importante pólo de exportação de conservas para todo o império.
O conjunto arqueológico é constituído
por várias zonas: a habitacional, lojas, mercado , fórum, termas, teatro e
quatro templos dedicados a Júpiter, Juno, Minerva e ainda à deusa egípcia, Ísis.
Vista do templo com África ao fundo
Fórum
Rua principal com mar ao fundo
Teatro
E tudo isto debaixo de um sol
radioso, a praia Bolonia como quintal da cidade, o Atlântico como pano de fundo
e África a olhar para nós e nós para
ela.
A poucos quilómetros fica a
simpática cidade de Tarifa, porta aberta para Tânger , vibrante de ecos
marroquinos e de praias ventosas com uma procura louca pelas atividades de windsurf e kitesurf.
Foi numa delas que ficámos,
certamente a praia mais selvagem e aberta ao reino das autocaravanas e afins. Tudo
gente boa a gozar o vento e as ondas: praia de Valdevaqueiros.
Se a praia por estas bandas é um
banho de vento, a cidade de Tarifa é um banho de luz. Muita gente ao sol, esplanadas
convidativas, cores árabes e de verão, apesar de o tapete vermelho não nos
fazer esquecer que era época alta de procissões.
Incrível mesmo é constatar como a
paisagem muda de um momento para o outro. A culpa
é da neblina (será a mesma com a qual se foi D. Sebastião?) que repentinamente tapa
o monte do outro lado do mar , quando no dia anterior o mesmo monte – África - parecia estar a um passo .
Tudo passou a branco , longínquo
e África nem miragem chegava a ser… Supostamente, frente à Almedina de Tarifa, o continente africano estaria a uma passo ,
mas a névoa sebastianista não nos deixou enxergar nenhum pedaço de terra a não
ser a espanhola e o mar imenso.
No horizonte estaria África ...
El rei D. Sebastião por ali se
perdeu… e nós também, olhando o invisível .
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