Chegaram e (alguns) ficaram. Primeiro as casas e logo a
seguir (ou seria o contrário?), as igrejas. Brancas e cinzentas. Cor da pedra
que a terra dava.
E assim nasceram as povoações logo batizadas de acordo com o
óbvio circundante: Ponta Delgada, Furnas, Ribeira Grande… quando a inspiração
faltava, Nordeste, Povoação…
A maioria com um ponto em comum, o mar mesmo ali em frente,
ponto de partida e de chegada, porto de abrigo e de trabalho, porto de fome e de
luto.
Estes pontinhos brancos de Norte a Sul, de Este a Oeste não
são o clímax da beleza em S. Miguel, já sabemos que o Belo casa com o
inagualável verde e as inolvidáveis flores e as adormecidas lagoas.
De Ponta Delgada, com fugazes
visitas, uma à chegada outra à partida, relembro aqui o poeta. Antero de Quental,
o poeta que aqui nasceu e aqui pôs termo à vida, neste banco verde à espera de
uma outra esperança.
O poeta que ninguém quis recordar no seu fim e é relembrado
noutro jardim.
Dentro dos muros desse Convento da Esperança onde a esperança
viva findou, numa pequena capela à porta fechada, lar do Santo Cristo dos
Milagres, uma missa familiar que não se podia fotografar. Só o silêncio do
claustro.
Das Furnas relembro a simpatia da senhora Rosa Quental, boleira
dos famosos bolos lêvedos e que afirma ser familiar do Poeta, apesar de trocar
as voltas ao parentesco.
E a igreja matriz, adornada de luzes como todas as
outras da ilha, à noite palco de festas e romarias.
Da Ribeira Grande, não saltando o seu exlibris, a ponte dos Oito Arcos, revivo a sorte de nos ter calhado
a rifa do Festival Internacional de Malabarismo, um momento único de alegria e
energia.
Do Nordeste, a pérola micaelense mais sorridente, a sua
beleza simples e genuína.
Da Povoação, um ou outro detalhe tão simples, tão português.
De todas elas, a calma de ESTAR e a simpatia de quem lá vive,
não logo à primeira frase mas depois de as línguas falarem a mesma língua.
Sem comentários:
Enviar um comentário