Donde vieste tu, sereia
encantadora, com teus enleios de voz, enleando pescadores e redes?
Dizem que vives numa cova
tecendo fios de linho e que tocas um corno atraindo marinheiros.
Podias ter vindo de bem longe,
nadando e flutuando desde os mares vikings,
ou das costas célticas, assustando povoações de pescadores, assaltando as suas
barcaças, fazendo com que dentro das suas casas de telhados de xisto, as
mulheres chorassem véus de luto.
Agora vives em San Ciprian, pequeno
“pueblo” piscatório galego, uma língua de terra atravessando duas praias e ao
fundo um farol, guia de todos os dias. Lá ao fundo em alto mar, dizem, a tua
ilha, Maruxaima.
No verde as casas desarrumadas,
algumas bem antigas, com seus telhados escorregadios seguros por pedras grossas
e redondas. O homem assim o quis, são hábitos ancestrais, lides do dia a dia,
costumes imemoriais, como as lendas, como tu, sereia-feiticeira.
Simpaticamente, do lado oposto
à tua praia, olhando para a língua de terra e para o colorido das habitações, um
“quintal” a acolher forasteiros viajantes que sonham à noite com sereias e cantos
vindos de cornos, búzios e conchas.
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