Um pequeno poema visual no sotavento algarvio, assente numa
falésia: Cacelha Velha.
É um miradouro para a ria Formosa (quem a batizou sabia), na
qual, na maré baixa, se criam piscinas de água tépida por entre caminhos de
areia e barcos de pesca ancorados.
É um miradouro para o mar: do lado de lá da ria está o mar e uma extensão enorme de praia, à esquerda Praia Verde, à direita Cabanas de Tavira.
Com a maré cheia, há que pagar ao barqueiro para regressar
até ao lado da fortaleza e dos seus muitos degraus.
Chegados à aldeia ou partindo dela, há muito que admirar: a sua pequena igreja, a fortaleza, o pelourinho e a simpática arquitetura algarvia bordada a flores e a cores.
A aldeia permanece intocável à mão da modernidade, daí o
prazer de percorrer placidamente as suas ruelas e sentir a poesia das cores e
das formas. Deve ser por isso que as ruas têm nome de poetas, um deles árabe,
memória dos tempos da “Cacila” muçulmana.
Claro que, para pagar o preço de tamanha singularidade, o melhor
é ir cedo ( falo do mês de agosto, entenda-se) para poder estacionar em paz, à beira
da estrada, se viajar, como nós , de casa às costas. Neste agosto 2020, com a
pandemia e o dedo legislativo apontado às autocaravanas, Cacela Velha , apesar
da sua beleza poética, tinha um verso que destoava: a proibição ao
estacionamento de AC no único parque para o efeito.
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