Dia 1
26 de julho
Não pensem que viajar de casa às
costas é atestar a autocaravana de gasóleo e ala que se faz tarde. Não. Viajar
com a casa às costas implica muita arrumação e planeamento primeiro. Mesmo
quando se trata de estrear internacionalmente uma autocaravana nova, antes de
partir foram dias de bricolage para
pôr o porão funcional: espaço para as bicicletas, estantes para mercearia e
artigos de praia ou outros … sapatos… não esquecer as capas da chuva e guarda-chuva,
leite, cerveja, estojo de primeiros-socorros, a comida da cadela, papel
higiénico, mapas, GPS funcional, etc e tal , sem esquecer alguma comida já
confecionada para os primeiros dias que são sempre de esticão a comer
quilómetros e a barriga não se alimenta de alcatrão.
Depois nem tudo são alegrias e fotos
com paisagens de sonho. Andar na estrada é um risco e há sempre aquele receio
de que tudo poderá,em segundos, correr
mal: do mais simples e comum, como o pneu que se fura ou rebenta, à janela que
voa ou se parte, à pedra que voa e racha o vidro do cockpit, ao roubo, ao choque
com um camião… a lista não é mera ficção, todos estes episódios já nos
sucederam e não apetece repeti-los , muito menos quando se trata de uma casa
nova.
Apesar da lista negra, adianto já
que desta vez nada de mal sucedeu, em mais de 4.000 mil quilómetros a Beni
portou-se bem, a capa da chuva foi usada menos vezes do que esperávamos, a
roupa de verão teve de lavar-se à mão várias vezes porque desta vez o calor
apertou. Espantai-vos porque a França e a Alemanha chegaram aos 39º neste mês
de Agosto…
Mas, antes de chegar tão longe,
várias paragens . A primeira no País
Basco espanhol como não podia deixar de ser. Vitória, a verde Vitória, foi o destino
escolhido para 1ª etapa de descanso. Às 19 horas chegávamos, depois de 12 horas
de viagem e 810 km no papo.
Bom tempo, uma suave brisa e uma
ida a pé até ao “casco antigo”, que o corpo já doía de tanto tempo sentado. Da
simpática área de serviço até ao centro (N 42º 51' 57'' W 2º 41' 7´´) são mais de 2 kms, nada que uns ténis
e energia não resolvam.
Energia é o que se sente em
Vitória, uma energia positiva que emana do verde dos espaços, desde a da relva
pisada pelo metro de superfície à vivacidade das pessoas que vivem a cidade.
Sol, água, verde, gente a correr, a andar, a passear o cão, o bebé, sozinhos,
acompanhados geralmente, a melodia alegre do castelhano, o gelado e as
canhas nas esplanadas, as esplanadas a
transbordar de gente, as ruas alegres.
Falei-vos disto em 2012, três
anos depois a sensação mantém-se.
De Vitória para noroeste outras
sensações se formariam, algumas repetindo paisagens e locais, outras
inaugurando caminhos , rotas e lugares. Este foi só o primeiro de 26 dias.
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