16 de agosto
E pronto, ali estávamos nós, literalmente a meio de agosto, num domingo certamente soalheiro e quente em Portugal, e ali, na Alemanha, paredes meias com o lago Constança… debaixo de chuva.
Num dos parques para AC, o mundo é pequeno, lá estavam os espanhóis que conhecemos em Strasbourg, parecia então uma eternidade, mas na realidade uns dias antes…
A cidadezinha, Meersburg, ou “Castelo do mar”, designação que aponta para o seu castelo datado do ano de 630, conhece a parte alta e a baixa. É na parte alta que se situa o castelo medieval, altaneiro, claro, com um olho atento ao inimigo e outro às águas do lago.
Frente ao castelo ainda um antigo palácio rosa, este de estilo barroco. Do seu terraço tem-se uma vista magnífica do cais e do lago Constança.
A parte alta é um nicho de ruas estreitas e coloridas, com a sua simpática arquitetura medieval.
Cosido ao Castelo Velho, dá nas vistas um antigo moinho de
água, pertencente a uma casa particular mas aberto às lentes fotográficas de
quem passa ao lado e às moedas que os desejos atiram.
A chuva abrandava a espaços, estava porém decidido que
sairíamos da Alemanha para entrar em território suíço, preferencialmente por
caminhos rurais de modo a evitar o pagamento da vinheta suíça para
autoestradas.
O destino seria uma visita rápida às cascatas perto de
Schaffhausen, uma queda de água considerada a maior da Europa, com uma altura
de 150 metros e um cenário que, pelo menos teoricamente, parecia exuberante. Conseguimos
estacionar perto da entrada num dos muitos parques existentes, mas a fantasia
prometida em imagens, acabou por não nos deixar enfeitiçados como esperávamos.
Ou porque o volumoso número de turistas, mormente asiáticos em filas, com chapéus
de chuva a servir de guia e lentes fotográficas a disparar continuamente para
poses artísticas e estudadas ( ou selfies
com sons agudos e sorrisos postiços), ou fosse porque , consequentemente, o
local até indicava , na publicidade mural , possíveis carteiristas, o certo é que
a ambiência nos deixou meio zonzos a olhar para o que parecia um cenário
demasiado plastificado feito de barcos de aluguer e quedas de um Reno que não
tinha a culpa.
Acabou mesmo por ser uma visita de médico. Entrada rápida na Suíça,
saída ainda mais rápida e eis-nos novamente em França, novamente em território
alsaciano. Sem metas nem destinos fixos apontámos apenas um sítio que poderia
ser calmo para passar a noite. Calhou-nos, e bem, uma pacata aldeia alsaciana,
com área para AC ( N 47º 35’ 57’’ W 7º 13´27´´) ao lado de vivendas familiares
e de um bar de madeira onde jovens jogavam às cartas, qual aldeia alentejana.
Tinha porém nome difícil , Hirtzbach. Hirtz
a fazer jus ao cervo do seu brasão e das suas florestas; Bach a relembrar o
riacho que atravessa a pequena localidade.
De facto, ao longo do nosso passeio noturno, numa noite escura
como breu e sem vivalma, apenas ouvíamos um burburinho suave que depois percebemos
pertencer às águas calmas de um ribeiro que atravessava a rua principal. Ao
longo da rua, “colombages” típicas e muitas flores em vasos pendurados ao longo
dos gradeamentos das pequenas pontes. Tudo adormecido. No outro dia de manhã
percebemos que se tratava de uma daquelas vilas francesas que têm o maior
orgulho em vestir-se de cores e flores, faz parte da longa lista francesa
de “Village fleuri” e já tinha um largo
rol de troféus.
Ao nosso lado mais uns quantos franceses em AC que também
eles dormiam… Bonne nuit!
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