Tapia de Casariego - a primeira de todas, porque assim
ocorre geograficamente logo a seguir à fronteira com a Galiza e porque se impõe
pela sua beleza natural.
( No relvado verde do meio, a casa onde não me importava nada de morar...)
Na realidade o conjunto principal é constituído por várias
praias, com destaque para a “Praia Grande” e a del Murallón , ambas ao descer
de uma rua do parque misto onde se situa a ASA (N 43º 34´0´´ W 6º 56´47´´ - em zona residencial
tranquila, com água e despejos, paga, premiada em 2013) . O que deslumbra mesmo
é a alcatifa verde dos penhascos que descem até tocarem na areia da praia.
(Praia "Grande" com maré cheia)
(Praia del Murallón)
Para
quem não aprecia praia, uns metros mais à frente, percorrendo sempre o passeio
pedonal costeiro (excelente e relaxante passeio ao entardecer), escavada nas
rochas, estende-se uma piscina de água salgada. Era uma antiga instalação de
marisco, transformada em piscina natural.
O caminho passa ainda
pelo relógio solar, pelo antigo luzeiro e pelos “Canhões” – baluartes defensivos
a apontar para o mar, construídos para defesa de ataques ingleses e dos
corsários argelinos, terminando alegremente no porto, com uma panorâmica de
toda a costa circundante, especialmente do Farol de Tapia assente numa pequena
ilhota.
( qualquer tapete relvado é bom para torrar)
(1º farol)
farol e porto de pesca
Em baixo o alegre porto, e sublinho o adjetivo porque, se lá forem ao
fim da tarde, repentinamente o som do mar é interrompido pelo tagarelar
inconfundível dos espanhóis a conviver, bebendo canhas e tirando os seus
petiscos de marisco (só depois das oito, já se sabe que antes é a siesta e depois o mergulho).
Tivemos a sorte de acertar em cheio com o Festival
Intercéltico que recebia vários grupos musicais e um mercado tradicional, a sua
20ª edição. Deliciámo-nos com as gaitas de foles e danças tradicionais locais e
com um grupo da vizinha Bretanha, altamente cativante.
À noite, na praia del
Murallón, sob um céu estrelado e com a tela do mar por detrás, atuava um grupo
de jovens irlandeses pródigos em sapatear. Se a sensação paisagística em redor
muitas vezes nos ilude sugerindo-nos que estamos na Irlanda, desta vez, com a
música de fundo e a dança tradicional, dir-se-ia termos de facto atravessado
mares até à costa irlandesa. Curiosamente dois dos músicos eram portugueses… em
todo o lado estamos e em todo o lado brilhamos.
Praia de Arnelles e de
Foxos - seguindo a
linha da costa (nem sempre fácil para autocaravanas e eu gosto pouco de
arriscar) descobrimos duas praias curiosas. Uma de acesso um bocado apertado e
com um pequeno parque de estacionamento (vi à noite que lá pernoitaram 3 ou 4,
aliás podem vê-las a pousar para o retrato aqui).
A foto foi tirada do lado
oposto, no monte bem altaneiro de Ortiguera
onde existe uma ASA , com apenas dois lugares e apenas um ponto de água e
despejos, ao lado, porém, como no alto da falésia existe (provavelmente por
pouco tempo) um pequeno terreno , várias AC contemplavam a paisagem e muitas lá
dormiram, incluindo nós.
(Uns somos nós, os outros ficavam bem na foto)
A ASA do outro lado, lá em cima
Desse lado, descendo uma alta escadaria desce-se até à
praia de Arnelles. Acordar com o cenário envolto em neblina é uma sensação
única, só possível para quem tem o privilégio de viver numa casa rolante e
gostar de não se confinar a parques de campismo…
O município de Ortiguera é, em boa hora,
responsável pela concretização destas miragens, pode ser que se mantenha e não
caia no esquecimento qual rio Lethes.
Desenhando um parêntesis, e porque o nosso circuito não
incluía apenas e obrigatoriamente praias, no concelho de Ortiguera, fomos ainda
conhecer um pouco de história, visitando o Castro
de Coaña. Trata-se de um conjunto arqueológico, assente numa colina, que
mostra uma acrópole rodeada por uma muralha, que aqui terá existido entre os séculos
V-IV a.C. Contam-se neste conjunto cerca de oitenta habitações de forma
circular, é claro que hoje reduzidas a um conjunto de pedras que nos levam a
imaginar o que o Tempo foi apagando.
(A acrópole e a vista atual da mesma )
Rodilles - a terceira praia fazia já parte de
anteriores capítulos, havia-nos sido “apresentada” por um autocaravanista e, se
naquele agosto mal a aproveitámos por na prática parecer inverno, desta vez era
o oposto, isto é, era mesmo verão, o que
significava MUITA gente. Foi difícil estacionar no amplo parque de Rodilles,
mas lá conseguimos a façanha. Aproveitámos então as águas do Cantábrico que,
como já sabíamos de cor, não é gelada e dolorosa como se possa à partida supor.
Nas redondezas pouco mais existe a não ser o pinhal e a praia. O pinhal termina
na entrada da ria de Villaviciosa, num
parque de campismo e algumas habitações. Nem sítio existe para no dia seguinte
comprar pão, só se o mesmo for encomendado no camping. À noite, o parque de estacionamento esvazia-se de carros e
fica uma aldeia de autocaravanistas e vans,
uns pontos luminosos aqui e ali, porque o espaço é muito e não precisam de se
aglomerar em vivendas geminadas. Coisa rara até então, lá vimos uns “tugas” e
curiosamente numa AC adaptada, pasme-se, num autocarro Salvador Caetano! Achei
que não devia perturbar, mas fiquei com pena de não me ter armado em curiosa
porque a obra era inspiradora.
Continuando até Arenal
de Moris (essa igualmente revisitada – e triplamente - com um parque de campismo que por acaso até
utilizámos em tempos idos… simpático, com piscina, verde, como tu por ali),
tentámos ainda Espasa, local onde se
praticava em tempos não tão idos como isso tudo, um inofensivo campismo
“selvagem” de AC e van, mas que agora
se encontrava impedido a tais práticas. Um sinal anunciava a proibição de
pernoitar, apenas estacionámos e uma autocaravanista advertiu-nos que a multa
era dose para uns 350 euros! Portanto, a praia de Espasa ficou riscada da nossa
lista, ficámo-nos por um passeio ao longo da mesma e no dia seguinte
admirámo-la do lado oposto.
Espasa vista de longe, do lado oposto
Como? Chegados a Arenal de Moris (acho o nome tão sonante, a relembrar Senhor dos
Anéis…), ficámos , pela segunda vez, “acampados” numa relva
apetitosa com vista para o mar (N 43. 474411
W 5. 179431, logo a seguir ao parque de campismo).
Lá ao fundo uma das "casinhas" é a nossa
Da primeira vez estivemos
quase sozinhos e desta vez o espaço tinha um letreiro “aparcamiento particular,
6 €” , estando lá já algumas AC. Entrámos e ficámos até ao dia seguinte sem que
ninguém surgisse para nos cobrar o devido pagamento (!?!). De manhã, com
algumas nuvens no céu e sem que o tempo estivesse apelativo para banhos, decidimos
seguir as setas de um caminho de Santiago, e, por entre montes e vales, sempre
acompanhando a falésia e o mar, lá estava em baixo, a pique, a praia Espasa. Aí
foi possível descortinar, num terreno alcatifado e liso, uma boa quantidade de vans que lá tinham acordado de manhã.
Vans em sítio secreto de Espasa
O
caminho, esse, era uma pequena ruela só de acesso a essas felizes viaturas que
cabem em qualquer cantinho. Depois da
Beni ainda acabarei , na minha reforma, com uma Van tipo pão de forma amarela,
a percorrer cantinhos e continentes! Parêntesis à parte, onde ia eu? No
excelente caminho de Santiago, nada semelhante às estradas de alcatrão poluídas
e feias de Portugal para peregrinos de Fátima, onde, para não nos armarmos com comparações, alguém decidiu
atirar lá de cima uma borrasca imensa de água que nos fez chegar a casa
encharcados de cima abaixo, para podermos saber na pele que, o peregrino
encharcado é igual, seja em Fátima seja em Santiago!
vacas pelos caminhos até Espasa
peregrinos a sério
Até à Cantábria ainda pisámos e admirámos de longe outras
praias, mas o destaque centra-se nestas, pois destacá-las aqui seria batota uma
vez que nelas não demos corpo ao “verbo” “fazer praia”.
Para possível inspiração e fonte de prazer de quem quiser
repisar este itinerário, aqui ficam alguns nomes e imagens: Ribadesella ( sem imagens apesar da sua
fama, fica a dica da praia de Santa Marina, com um belíssimo passeio marítimo
bordejado de famosas e elegantes vivendas e casas indianas (creio que o
Príncipe das Astúrias, atual rei de Espanha, por lá reside numa delas, não sei
qual…); de Lhanes ( da qual falarei
depois por outros motivos), como recanto veraneante mais acolhedor destaco
a Playa
de Toró, com o inconveniente de já ter uma barra de altura no estacionamento
maior, e de não ser fácil arranjar um lugar ao longo do passeio em época
alta…); praia da Balota ( mais uma
com possibilidade de estacionar e pernoitar paradisiacamente numa Van – o caminho é estreito, sempre a
descer e em terra batida; o miradouro de
Andrin é uma possibilidade para “casas” maiores e depois o remédio será descer
a pé até esta pequena maravilha:
Fecho o capítulo “playas” , desejando que
aproveitem e que sugiram outros pequenos paraísos cantábricos onde casas
rolantes de quase 7 metros consigam chegar sem problemas.
2 comentários:
Adorei! Percorrer toda a costa norte de Espanha, desde a Galiza até ao País Basco, é um dos meus sonhos.
Sabe-me dizer se a piscina natural em Tapia é a pagar?
Anda tudo à procura do Dylan para receber o Nobel e eis que me aparece aqui a desejar conhecer Astúrias e Tapia ( estou a brincar :)). Fez-me lembrar que ando longe do blogue e que nunca mais escrevi sobre a maravilhosa Astúrias e agradeço imenso o seu comentário.
Não aproveitei a piscina de Tapia e só a fotografei de cima , mas não me pareceu que se pagasse, n posso garantir a 100 % mas quase de certeza q n se paga.
Experimente em julho /agosto e verá :)
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