Ponto de passagem muitas vezes, desta, ponto de paragem.
Fica na província de Huelva, Andalucia, a uma hora e trinta
de casa ( a minha, pois então!); por isso, é um passeio que posso apelidar de “perto e bom caminho”.
Inserida na Sierra de Aracena y Picos de Aroche, Aracena
encanta pela sua luminosidade branca, pela sua quietude e um por um conjunto
considerável de detalhes arquitetónicos e artísticos.
Logo à partida, as suas ruas e praças sossegadas (como a
Poeta Fermir Requena ou a del Marquês de Aracena, onde se situa o Casino Arias
Montano, de singular fachada, ou também a Praça do “Ayuntamiento” – edifício
regionalista andaluz);
as suas igrejas e capelas, como a del Carmen (na Páscoa,
que era o caso, deu para espreitar os famosos andores de toneladas, antes da
procissão da tarde) ou o convento das Carmelitas, ou a Igreja de la Asunción;
no topo do monte o castelo e a sua larga fortaleza…
Sendo Páscoa, o fervor religioso não se notava apenas nos
ferros das janelas adornados de cetins e colchas vermelhas, transpirava,evidentemente,
nas procissões. Como era Domingo de Ramos , pelas 18 horas, não houve como
contornar a “Burriquita”, a celebrar a entrada de Cristo em Jerusalém, seguido
de sua mãe, 40 “costeiros” para transportarem o filho, 35 para a mãe (!).
Aliado ao fervor religioso, destaca-se o a indumentária
domingueira dos fiéis acompanhantes (logo de tenra idade) e observadores, mesmo que as pipas e a
conversa continuem enchendo praças e ruas.
Porém, procissões ao largo, Aracena tem outras atrações de
todo o ano. A primeira é puramente geológica e consequentemente turística: a
famosa Gruta de las Maravilhas, caverna de estalactites e estalagmites, de salões
e até lagos, visitável logo ali no centro da vila, é só comprar o ingressso e
descer até às profundezas. Lamento não o ter feito só porque agora passo a
publicidade sem fotografias dignas de registo. As profundezas têm o condão de
não me atrair.
A segunda atração prende-se ao palato: um sabor fino e
delicado, à venda em várias lojas e no Museu do dito cujo: o Jámon doce, suave
e de preço nobre. Esse provei-o e não vos posso com ele presentear… Egoísmos de
quem viaja com um porão composto por mota, cadeiras e sapatos velhos.
Para quem gosta, como eu , de espreitar portas e janelas,
ruas e ruelas, a atração maior é o Museu de Arte ao ar livre com estátuas que
vão dialogando com o espaço e com as pessoas. Este é um presente que vos posso
oferecer:
Singular e fotogénico (em tempos certamente sonoro e
cheiroso) , destaco ainda o Lavadeiro Público no coração da Praça de S. Pedro.
Para as autocaravanas existem dois locais pacatos onde
estacionar e pernoitar: um ao lado do Pavilhão ferial ( N 37º 53´21´´ W 6º 34´ 12``) , com terreno ligeiramente inclinado,
e um segundo espaço, a poucos metros , mais plano, onde os autocarros
estacionam. Lá “habitámos” e ressonámos durante duas noites. Sem local de
despejo e sem água, mas para início de viagem, devidamente abastecidos,
revelou-se pacífico.
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