terça-feira, 6 de setembro de 2022

Ser-se fiorde

 


 Para se ser Fiorde é necessário um canal por onde entre a água do mar; uma estrutura de costa terrestre, como um vale; agentes erosivos;  movimentos tectónicos e degelo.

A Noruega possui estes ingredientes e, por isso, cerca de 1000 fiordes!

Para além deles, ainda lagos que não o são mas parecem, rios que são rios e outros degelo,  cascatas e quedas de água,  o que faz, visto de cima, um país que se assemelha a uma renda com muitos pontos abertos em azul, verde esmeralda e branco ( do alto das montanhas a água cai como leite).

De Lillihammer  a Geiranger  são ainda cerca de  300 quilómetros de carro, por isso ver o Geirangerfjord, primeiro da nossa lista,  ainda levará o seu tempo. Até lá, os olhos deleitar-se-ão com os elementos verdes dos pinheiros e abetos- a árvore nacional -  e mais tarde com as primeiras pinceladas do branco, da neve que persiste lá no alto.



a árvore nacional

Cruzar-se-á  o Vale de Gudbrandsdalen, fonte de inspiração para Henrik Ibsen,  com a sua lenda de Peer Gynt,  o jovem sonhador,  que quis ir mais longe do que as regras exigiam, e  musicado por Edvard Grieg, filho da terra também muito presente nesta viagem.

 


Em Lom, a primeira paragem para apreciar a música da água  que cai violentamente das altas montanhas,  e para se conhecer uma das igrejas mais antigas do país, a Lonestave, com a sua construção em madeira,  mantendo ainda a crista medieval com uma cabeça de  dragão.



cascata em Lom



 Lonestave

 



De Lom a Geiranger, segue-se pela  Estrada das Águias,  uma “estrada para se ir sentindo”, vendo  as primeiras pinceladas de neve e os telhados de turfa; as autocaravanas sempre omnipresentes e os parques para as mesmas; os caminhos sinuosos até ao vale.



camping







Geiranger assenta no vale , cercada de montanhas e é porta de entrada para o Fiorde com o mesmo nome.  A povoação vale uma breve visita e foi cenário do filme “A onda” , ficção baseada em factos reais que viríamos a conhecer dali a poucas horas no vale onde se situa a povoação de Loen.



Geiranger vista do alto




Troll, mais uma lenda ex-libris





Para chegarmos até lá, há que entrar na boca do ferry que nos levará a percorrer o Geirangerfjord , classificado como património da humanidade pela UNESCO.


Deslizamos suavemente , cercados de montanhas com paredes que parecem caras e até com cascatas que contam histórias como “as sete irmãs”,  aquelas que se recusaram a casar e foram cortejadas pelo monte em frente, o qual, com o desgosto  de se ver incorrespondido,  afogou as suas magoas no álcool e ali reside condenado a chorar em forma de garrafa contemplando as Sete altaneiras irmãs.



Geiranger fica para trás





As sete irmãs



O apaixonado


Ali, dentro do fiorde, a força da natureza é tão sublime que quase se sente respirar e questionamo-nos como é possível o homem ter tentado ali habitar, se não sabia de antemão que é Ela sempre que nos controla?!

( na barriga do fiord)

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