Entre as Irlandas e Portugal voltámos à mão de Deus.
Um dos dedos, pelo menos, aquele que fica na ria de Pontevedra, Galiza. Tudo na
mesma onda… a celta.
Curiosamente, e estas são as melhores descobertas, demos de
caras com um “Pueblo precioso”, não porque o Michelin o referisse ou alguma
placa da estrada o anunciasse. Caiu assim do longe, exagero, estávamos a 1.100
metros, admirando as águas da ria, quando o perfil daquela povoação ali à beira
da linha curvilínea da costa, nos chamou a atenção.
Ao entardecer dirigimo-nos para lá depois de, confesso,
termos folheado imagens do “Dr. Google”.
O nome, Combarro, diz-vos alguma coisa? Se calhar sim, e só
nós não conhecíamos…
Estão a ver Monsanto, em Portugal, ou Medelim? A
comparação pode parecer idiota, a Beira Baixa não tem mar, mas há ali um toque
divino com certas semelhanças. O toque forte e rude das pesadas pedras e a
arquitetura fria das casas em granito com os seus balcões quase térreos.
Em Combarro a ligação é por via marítima, já que o mar é o seu ponto de referência, mas há sempre o lado telúrico, como o comprovam os seus cruzeiros (dizem que três em sete), de um lado Jesus, virado para o mar, do outro a Virgem a olhar para terra. Característica igualmente singular nalguns destes cruzeiros é o facto de terem uma mesa-altar à sua frente.
casas marinheiras de Combarro
Em Combarro a ligação é por via marítima, já que o mar é o seu ponto de referência, mas há sempre o lado telúrico, como o comprovam os seus cruzeiros (dizem que três em sete), de um lado Jesus, virado para o mar, do outro a Virgem a olhar para terra. Característica igualmente singular nalguns destes cruzeiros é o facto de terem uma mesa-altar à sua frente.
A aldeia é pedra, ruas estreitas ( a sua toponímia é clara e
simplista: “A rua”, “O Campo”….) , caminhos de burros onde os carros jamais
passarão, e muitos e muitos espigueiros (dizem que sessenta), uns a olhar para
as marés, outros dentro de quintais, umas vezes particulares, outros atuais
esplanadas, contíguos a restaurantes que apregoam o bom “pescado”. Os
espigueiros, tal como no nosso Minho, eram uma espécie de armazém ou despensa,
onde se armazenavam os produtos colhidos da terra, aqui, a sua construção data
sobretudo do séc. XVIII.
A terra vive do turismo e as suas gentes por lá estão a convidar turistas, a falar com eles das janelas, porque os galegos são assim, faladores e espontâneos, com muitos “xes” a lembrar música, tradições celtas, bruxas a voar em vassouras… dizem as lendas que as bruxas de Combarro, as “meigas” pululavam por ali, daí a presença forte dos cruzeiros, uma espécie de veneno para as afugentar.
A terra vive do turismo e as suas gentes por lá estão a convidar turistas, a falar com eles das janelas, porque os galegos são assim, faladores e espontâneos, com muitos “xes” a lembrar música, tradições celtas, bruxas a voar em vassouras… dizem as lendas que as bruxas de Combarro, as “meigas” pululavam por ali, daí a presença forte dos cruzeiros, uma espécie de veneno para as afugentar.
De mãos dadas com o paganismo, espreitam os santos. A igreja
de S. Roque, no centro da aldeia, é um testemunho desse convívio, assim como as
festas em sua honra, no calor do mês de agosto.
interior igreja de S. Roque
O fim da tarde em Combarro tem um toque especial,
especialmente se a visita ocorrer com a maré vazia, percorrendo a areia e
olhando os espigueiros.
De dia, muito do mistério esvai-se pelas pedras, mas ganha com o sol e o azul das águas a brilhar por entre as estreitas ruelas sempre a espreitar a ria.
entardecer
De dia, muito do mistério esvai-se pelas pedras, mas ganha com o sol e o azul das águas a brilhar por entre as estreitas ruelas sempre a espreitar a ria.
meio-dia
(Conselho a autocaravanistas, uma vez que este passeio se
fez viajando com a casa sobre rodas: pernoitar, a 1.100 metros de Combarro –
fazer a pé o percurso entre as duas povoações - na Asa frente ao parque da
Memória, concelho de Poio, N 42º 26´18´´ W 8º 41´36´´).
O desenho do parque foi obra de um argentino, Adolfo
Esquivel, prémio Nobel da Paz em 1980, cujo pai, emigrante, era filho de
Combarro.
Pedras alusivas a premiados do Nobel.
A paisagem é singular, o local tranquilo e bonito, e de manhã
tem-se direito à azáfama dos apanhadores de ameijoas – exceto se não gostar de
ser acordado com a energia sonora, típica de “nuestros hermanos”!).
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